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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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Procedimento de jornalista é questionado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procedimento profissional do jornalista Luiz Cláudio Cunha, da revista "IstoÉ", que quebrou o compromisso do "off" assumido com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), foi objeto de questionamento por parte do Conselho de Ética. "Off the record" é um termo em inglês usado para designar informação de fonte que se mantém anônima.
O senador João Alberto (PMDB-MA) perguntou se Cunha achava que quebrar uma informação dada reservadamente por uma fonte é forma de "um bom jornalista proceder". Lembrou que o repórter relatou que ACM o considerou uma pessoa de "confiança".
Para se justificar, o jornalista disse que abrir o "off" foi uma decisão tomada pela direção da revista, após a PF ter informado sobre um inquérito que investigava um "megagrampo" realizado pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia.
"A partir da evolução dos fatos, comprovava-se que aquilo [o relatório que ACM deu a Cunha] era a consumação de um crime com cobertura estatal. O senador deixou de ser fonte, que deve ser preservada, para se transformar em alvo de investigação", afirmou Cunha.
O jornalista disse que, a partir daí, decidiu gravar uma conversa com o senador como precaução, para confirmar ter recebido dele o relatório dos grampos. A fita só seria usada no futuro, caso ACM negasse ter dado as informações.
Segundo Cunha, o mecanismo do "off" surgiu "na época do arbítrio" para que os jornalistas conseguissem informação. "É uma distorção que o arbítrio criou e alguns jornalistas preservam e há um exagero."
Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou que esse episódio trouxe à tona uma questão polêmica, que deverá ser discutida pelo jornalismo. (RU)


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