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MILITARES
Em 95, recurso destinado à Força Aérea era de R$ 418,2 milhões contra a previsão de R$ 124,3 milhões neste ano
Investimento na FAB cai no governo FHC
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Força Aérea Brasileira teve diminuído o orçamento destinado a
investimentos durante o governo
Fernando Henrique Cardoso.
As verbas direcionadas à aquisição e modernização de aeronaves
e ao reaparelhamento da FAB,
por exemplo, caíram de R$ 418,2
milhões, em 1995, para R$ 124,3
milhões na previsão deste ano, ou
seja, já foram mais de três vezes
maiores do que as atuais.
A consequência mais direta é o
aumento na paralisação das aeronaves por falta de peças de reposição e para manutenção.
No início do governo FHC, 32%
da frota da FAB esteve paralisada,
em média -índice próximo da
meta internacional de indisponibilidade, que é de 25%.
Este ano, a paralisação já atinge
60%, com tendência de agravamento, segundo revelou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista.
Dos 775 aviões da FAB, 449 estiveram parados no início da semana,
sendo que desses cerca de 260 estão fora da escala de vôo há mais
de 60 dias.
Frota
Se nada for feito, o comandante
Baptista estimou que em dois meses apenas um terço da frota poderá continuar voando.
Os aviões Búfalo e os Hércules
C-130, considerados os mais robustos da frota, já estão voando
com restrições.
O quadro é mais dramático se
for levada em conta a inflação dos
últimos cinco anos e os cortes feitos no Orçamento deste ano.
Descontada a inflação, "sobrariam" cerca de R$ 82,7 milhões
para investimentos.
Sobrariam, se nesse valor o governo não tivesse há duas semanas cortado mais 14%, a título de
"contribuição para o ajuste fiscal". Se nada mais grave ocorrer,
"sobrarão" cerca de R$ 71,2 milhões para a FAB investir neste
ano.
Com esses recursos, a Força Aérea terá de manter e repor os cerca
de 62 mil itens que mantém em
prateleiras, que vão desde pequenos parafusos a turbinas.
A maior parte desses produtos é
importada, o que significa gastos
em dólar.
Outro agravante: boa parte da
frota da FAB está fora de linha.
Assim, peças de reposição dos
Mirage franceses ou dos HS-125
ingleses são fabricadas sob encomenda, o que as tornam ainda
mais caras.
De alguns aviões só não resta
apenas a carcaça porque há uma
ordem interna na Aeronáutica
que impede que os aviões sejam
"canibalizados".
De cada aeronave, somente podem ser retiradas até cinco peças.
Sucateamento
A análise mais detalhada nas
previsões de investimento da Aeronáutica, com base nos dados levantados junto ao Siafi (sistema
que permite o acompanhamento
dos gastos do governo) pelo deputado Agnelo Queiroz (PC do B-DF), permite avaliar que chegaram a zero no ano passado os recursos destinados à modernização das aeronaves, que já vinham
decrescendo nos quatro anos anteriores.
Também foi zero o investimento na aquisição de aeronaves, na
manutenção de material bélico
(como bombas e projéteis usados
em treinamentos) e na aquisição
de materiais individuais.
"Esse sucateamento é grave
porque compromete a nossa própria soberania", afirmou Agnelo.
Pela falta de dinheiro, estão parados tanto os aviões utilizados na
defesa aérea (Mirage, F-5, AMX,
Xavante e Tucano) quanto os de
transporte de pessoal e carga
(Hércules, Búfalo, Boeing, Bandeirante, Brasília e Avro), além
dos aviões de treinamento (Universal, Xavante e Tucano).
Transporte especial
No caso dos 53 AMX posicionados nas bases aéreas de Santa
Cruz (RJ) e de Santa Maria (RS),
40 estão parados, envolvidos em
sacos plásticos para evitar maior
deterioração.
A Força Aérea afirma que, apesar disso, não há riscos para a soberania do espaço aéreo.
Segundo a Força Aérea, bastariam dois jatos em condições de
vôo em cada base para interceptação aérea de emergência.
Não escapam da paralisação
nem mesmo os aviões de transporte especial, destinados a deslocar as autoridades pelo país.
Dos dez Learjet utilizados por
ministros, apenas dois funcionavam na quinta-feira.
Dos oito HS-125, também apenas dois estavam em condições de
levantar vôo.
Dos dois aviões Brasília Vip,
apenas um poderia ser usado.
Por enquanto, estão sendo preservados apenas os três Boeing
737-200 utilizados por FHC em
suas viagens nacionais ou internacionais de curta distância.
Os quatro Boeing 707, o modelo
conhecido por "Sucatão", deixaram de servir à Presidência da República depois que um deles teve
pane no ar com o vice-presidente
Marco Maciel a bordo e passaram
a ficar disponíveis para o transporte de pessoal.
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