São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


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Oficiais-generais deixam de voar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além da falta de peças, a redução no número de horas de vôo por falta de combustível está afetando tanto as atividades de serviço quanto as de instrução da Força Aérea.
Por economia, oficiais-generais deixaram de voar regularmente.
Para este ano, a previsão inicial é que seriam destinados R$ 38 milhões para gastos com combustível e lubrificantes.
Refeitas as contas, após o corte, com o dinheiro disponível será possível realizar 70 mil horas de vôo -menos da metade considerada padrão para o porte da FAB, que seria de 180 mil horas de vôo anual. Ano passado, foram voadas 130 mil horas.
Com essa redução no número de horas voadas, a Aeronáutica avalia que fica comprometida a longo prazo a formação dos pilotos.
Apesar de a Academia da Força Aérea consumir cerca de 40 mil horas/vôo anuais, o número de horas para treino é considerado insuficiente.
A mesma avaliação é feita para o treinamento dos pilotos de combate, realizado em Natal (RN), no Centro de Treinamento Tático e de Recompletamento de Equipagens (Catre).
Nele, são gastas cerca de 15 mil horas em vôos em Xavantes e em Tucanos armados.
As demais horas da FAB são gastas pelo Grupo de Transporte Especial (GTE), que transporta autoridades, e pelas outras atividades da Força, como a de transporte de alimentos e remédios para as áreas de fronteira e na Amazônia e mesmo para a defesa aérea.
Os Mirage, por exemplo, só podem voar 40 horas por ano, por economia.
A Aeronáutica avalia que a situação é "circunstancial", apostando que em alguns anos essa tendência de queda seja revertida.
Assim, para que os cadetes e os oficiais de patente menor, como tenente, capitão e major, possam voar mais nos treinamentos, houve a decisão de restringir o vôo para os mais antigos na Força.
Tenentes-coronéis, coronéis e brigadeiros só voam em situações excepcionais, fazendo com que todo o treinamento de anos em aviões de caça fique subaproveitado e a ação seja descontinuada.

Reaparelhamento
Esta semana, o presidente Fernando Henrique Cardoso deve receber do ministro da Defesa, Geraldo Quintão, o plano de reaparelhamento da Força Aérea, estimado em US$ 3 bilhões, a serem aplicados ao longo de 12 anos.
Desse total, US$ 380 milhões devem ser gastos com peças de reposição dos atuais aviões da frota aérea. Há estimativa de que sejam gastos outros US$ 600 milhões para modernizar a frota de transporte de autoridades -o que incluiria um novo avião para a Presidência da República, para substituir o "Sucatão".
A Aeronáutica pretende ainda modernizar os caças F-5 (US$ 280 milhões) e os Avro (US$ 9 milhões), além de adquirir 12 aviões espanhóis de transporte Casa 295 (US$ 240 milhões), 12 Hércules disponíveis na Itália (US$ 70 milhões), 20 caças supersônicos (US$ 600 milhões), 8 aviões de patrulha naval P-3C Orion (US$ 240 milhões) e 66 Super-Tucano para patrulha na Amazônia (US$ 330 milhões).
Os últimos aviões adquiridos pela FAB foram os T27, aviões Tucano, da Embraer, usados pela Academia da Força Aérea.
A compra ocorreu em 1983. Depois, foram agregados alguns aviões "doados", como um HS-125 que pertenceu ao patrimônio do banco Bamerindus.
O governo pretende se valer de empréstimos internacionais que viriam associados às ofertas para viabilizar as compras.
O que será decidido é por onde será iniciada a renovação. (WF)

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