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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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Presidente critica "cínicos abastados"

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discorreu ontem sobre ética no seminário em Belo Horizonte sobre Desenvolvimento com Ética e Responsabilidade Social.
Lula fez críticas aos "cínicos abastados", que não se preocupam com justiça social, pregou a necessidade de os países ricos mudarem sua posição em relação aos mais pobres e defendeu os programas sociais de seu governo, citando-os como exemplos de desenvolvimento com ética.
"A resposta do meu governo está nos programas que lançamos. O Fome Zero é acima de tudo um chamamento moral à sociedade brasileira para extirpar uma chaga duplamente imperdoável em um país com tanta abundância", disse ele, que mencionou ainda os programas Primeiro Emprego, Bolsa-Escola e Microcrédito.
"Isso é mais do que uma realidade econômica, é um compromisso ético com o direito de cada um construir sua vida com segurança e dignidade." Ele disse que não basta eficiência econômica e capacitação técnica para desenvolver o país: é preciso ainda ética nas relações com a sociedade.
"Tenho reiterado à sociedade brasileira que as duras e dolorosas medidas econômicas adotadas neste início de governo têm por objetivo criar as condições para deslanchar no círculo virtuoso de crescimento sustentável", disse Lula, cujo governo vem sendo pressionado também por movimentos sociais, como o MST.
O discurso de Lula foi acompanhado pelo primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik, que pediu compreensão dos países ricos aos dramas dos mais pobres, e pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que empenhou total apoio à gestão de Lula. Também estavam presentes a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias.
Lula relacionou ética ao apoio efetivo dos países ricos. Disse que nos eventos que participa pelo mundo temas como livre comércio, globalização econômica e trânsito livre do capital são recorrentes, mas que os pobres têm dificuldades de entrar no mundo europeu e no mundo norte-americano. "Se for árabe, então, está mais proibido ainda de transitar no mundo", afirmou.
"Quando falamos de livre comércio, imaginamos que é uma coisa que todos teriam igualdade de disputar os mercado disponíveis. Mas aí percebemos que o livre comércio não é tão livre quanto às palavras escritas nos protocolos internacionais ou nos acordos que fazemos, porque percebemos que as economias mais ricas do mundo conseguem obstaculizar o livre trânsito da mercadoria dos países pobres, criando tarifas que são praticamente proibitivas da competitividade livre."
Lula falava da necessidade de integração latino-americana quando relatou parte da conversa que teve com o presidente George W. Bush, na recente viagem que fez aos EUA. "Disse a ele: "Olha, se o mundo deseja a paz, deseja combater o terrorismo, o narcotráfico, se o mundo quer viver em tranquilidade, a reposta para isso chama-se desenvolvimento. Sem desenvolvimento não há governo que consiga garantir a paz em seu país ou no continente.'"
A corrupção também foi tratada pelo presidente no seu discurso. Disse que o combate à corrupção é um "alvo central" do seu governo. Para Lula, a corrupção gera "impunidade jurídica e ineficiência econômica, mas, acima de tudo, abala as bases da sociedade".


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