São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2000


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SÃO PAULO

Programas do pefelista para consultas médicas, perfuração de poços artesianos e monitoramento de táxis por satélite anunciados no horário gratuito da TV sofrem críticas de especialistas

Proposta de Tuma estouraria Orçamento

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

FLÁVIA SANCHES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Três das principais promessas de campanha feitas no horário eleitoral gratuito pelo senador Romeu Tuma, candidato do PFL à Prefeitura de São Paulo, não se encaixariam no Orçamento municipal, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
As propostas versam sobre transportes, saúde e segurança para taxistas. Nas últimas semanas, as propostas ocuparam boa parte dos 16 minutos diários da coligação "Mãos Limpas" -27% do horário eleitoral gratuito.
Depois que surgiram na tela, em 15 de agosto, Tuma saltou seis pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto do Datafolha -passou de 3% (dia 13) para 9% (ontem)- , figurando tecnicamente empatado com Paulo Maluf (PPB), que tem 14%, e Luiza Erundina (PSB), com 11%. Geraldo Alckmin (PSDB) tem 16%, está tecnicamente empatado com Maluf e Erundina, mas distante de Tuma, já que a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Saúde
A mais contestada das propostas de Tuma é o "Plano de Saúde São Paulo" -a proposta que ele apresenta para a saúde municipal. É, de fato, um plano de consultas. Até agora, nada foi dito sobre internação.
De acordo com especialistas em saúde pública, poderia consumir a cada mês -só em consultas em uma rede credenciada de médicos- o que a Prefeitura de São Paulo gasta para manter mensalmente todo o sistema municipal -com internações, cirurgias, distribuição de remédios etc.
A segunda proposta de Tuma que é alvo de críticas de especialistas prega o fim do problema de abastecimento de água na cidade com incentivo à construção de 100 mil poços artesianos em três anos de administração.

Subsolo
Além de também comprometer as finanças públicas -a construção dos poços custaria 79% do orçamento anual da cidade-, o subsolo paulistano, dizem estudiosos de abastecimento e de águas subterrâneas, não tem vazão para atender a essa demanda.
Isso faz com que uma eventual superexploração possa criar um grande buraco no subsolo, afetando a estabilidade das construções.
A terceira proposta que é contestada por especialistas visa implantar um monitoramento por satélite da frota de 35 mil táxis da cidade, sob comando da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
A implantação do serviço custaria 26 vezes mais do que foi gasto com vales e investimentos na GCM durante todo o ano passado -o equivalente a um quarto do orçamento da Secretaria Municipal dos Transportes.

Programa
A Folha tentou detalhar as propostas do senador e ouvi-lo sobre as críticas que elas recebem durante toda a semana passada.
Em rápidas conversas, Tuma não deu forneceu todos os detalhes solicitados pela reportagem. O mesmo ocorreu com as perguntas enviadas a sua assessoria.
Na quarta, os assessores do senador pefelista formalizaram a informação de que ele não explicaria suas propostas de programa de governo até esta semana, quando pretende detalhar suas idéias e rebater as críticas que as consideram inviáveis em uma entrevista coletiva.





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