DA REPORTAGEM LOCAL

Nove prefeituras administradas pelo PT no Estado de São Paulo enviaram cartas à Folha para justificar o fato de terem contratado, para trabalhar nos municípios, empresas pertencentes a petistas.
Na edição de 30 de setembro, a Folha informou que 17 das 39 prefeituras administradas pelo PT no Estado haviam contratado empresas ligadas a petistas. Outras cidades geridas pelo partido fora do Estado têm a mesma prática.
As cartas enviadas pelas prefeituras dizem que todas as contratações foram feitas de acordo com a lei -o que não foi questionado pela reportagem. Muitas prefeituras argumentam que impedir uma empresa pertencente a petistas de participar de uma licitação seria ato de discriminação, proibido por lei. Os textos também afirmam que a Folha teria interesse político ao publicar a reportagem a uma semana das eleições.
Leia, a seguir, resumo das principais afirmações das prefeituras.

BATATAIS - O prefeito de Batatais, Fernando Antônio Ferreira, afirma que não há amparo legal para impedir "empresa simpatizante da ideologia petista" de participar de concorrência pública no município. Ele colocou os procedimentos licitatórios da cidade à disposição da reportagem.

RINCÃO - O prefeito de Rincão, Amarildo Dudu Bolito, questiona o fato de a Folha ter publicado em sua edição nacional reportagem semelhante à que havia sido publicada na Folha Ribeirão em 2001. "Trata-se de matéria flagrantemente requentada, equivocada na origem, que agora reaparece de forma suspeita na reta final do processo eleitoral. A quem interessa esse tipo de matéria?"

PITANGUEIRAS - O prefeito de Pitangueiras, Waldir de Felício, afirma que a empresa "Impacto Consultoria e Marketing nunca prestou quaisquer serviços à Prefeitura Municipal de Pitangueiras nem jamais teve qualquer contrato assinado com o município".
Luiz Gonzaga Bussola, dono da Impacto, disse que ela faliu. Ele confirmou ontem que a empresa prestou serviços para quatro prefeituras do PT, inclusive Pitangueiras. Segundo ele, após a divulgação do caso pela Folha Ribeirão, em agosto de 2001, todos os contratos foram cancelados ou não chegaram a se efetivar.

FRANCA - O secretário de Governo de Franca, Jefferson Ribeiro, diz que a empresa Assessorarte presta serviços ao município desde a gestão anterior, na qual o partido não controlava a prefeitura. Ele confirma, contudo, que a empresa foi contratada por licitação, pela administração petista, para realizar concursos públicos. O secretário diz que a CEI (Comissão Especial de Investigação), que apurou a prestação de limpeza urbana da cidade, "não encontrou nenhuma irregularidade".

CAMPINAS - O diretor de Comunicação da Prefeitura de Campinas, Mário Camargo, diz que a PG Comunicação presta serviço ao município desde 1999 e que foi inicialmente contratada pelo governo de Francisco Amaral (PPB) -a informação foi incluída na reportagem da Folha.

RIBEIRÃO PIRES - O assessor de Comunicação da Prefeitura de Ribeirão Pires, Carlos Eduardo Rizzo, questiona a quem beneficia a publicação de reportagens como a que a Folha publicou. "Não aceitamos, de forma alguma, que um jornal com a qualidade e a responsabilidade da Folha saia generalizando "irregularidades" e levantando "suposições" levianamente."

GUARULHOS - O secretário de Governo e Administração de Guarulhos, Miguel Choueri, afirma que não houve questionamento judicial do processo de licitação que contratou a empresa PG Comunicação para trabalhar no município e que outras participantes também prestavam serviços a prefeituras administradas pelo PT à época das contratações.

SALES OLIVEIRA - A Prefeitura de Sales Oliveira informou que a contratação da empresa Assessorarte respeitou a legislação e que a empresa "executou os serviços com qualidade e competência".

BELÉM - A Coordenadoria de Comunicação da Prefeitura de Belém afirma que "são totalmente falsas e descabidas as insinuações contidas na matéria pretendendo estabelecer qualquer tipo de favorecimento às empresas Rodvias e Engelix", que pertencem a petistas e foram contratadas pela administração do PT em Belém. A carta afirma que, "se pretende, de forma deliberada, lançar lama sobre as administrações do PT, com o fim de prejudicar a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva".