São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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NO AR

Sob controle

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Se existe um vencedor do debate final, não é nenhum dos quatro presidenciáveis. É William Bonner.
Do jovem de boa voz da escola de comunicação; do locutor de boa voz do início na TV; da boa voz, enfim, ele virou mais do que um âncora.
É uma estrela global que se vê com poder para passar ordens aos quatro presidenciáveis, um dos quais será o presidente da República.
- O Brasil exige um debate de idéias.
Em diferentes versões, sempre ostentando severidade e falando em nome do Brasil, foi o que ele exigiu de Lula, de José Serra, Garotinho, Ciro Gomes, desde o Jornal Nacional.
Na mesma direção, sublinhou o "civismo" que foi levar 115 candidatos estaduais a debater "aqui na Globo".
Os quatro, a exemplo dos 115 um dia antes, se submeteram a um controle pleno, monopolista, não só de seu "comportamento" mas também das "idéias" que poderiam abordar, a três dias da eleição.
Um controle do que perguntar -o oposto do debate em arena, que na verdade ficou, se houver, para o segundo turno.
Até o detalhamento das "idéias" ficou sob controle, sob o arbítrio de Bonner, sempre. Eram como quatro estudantes acuados pela voz.
O resultado foi o contrário do debate anterior, visto na Record, com Boris Casoy -quando se revelou muito dos candidatos, que falaram com uma liberdade jamais vista.
Era tudo o que a Globo não queria: descontrole.
 
Se na Record o programa se aproximou da histeria, ontem não saiu da mesmice.
Em tal ambiente, se houve um favorecido, foi Lula. Por ele, era melhor nem estar ali.
 
Na última -e esvaziada- propaganda antes do primeiro turno, a única novidade foi uma disputa pela herança de Mário Covas por Lula e Serra.
Logo eles.
 
A petista Benedita da Silva, no Rio, entregou os pontos. Apelou para Cesar Maia, até para os EUA, na luta contra o "poder paralelo".
Agora é o ministro da Defesa quem informa que o Exército, a Marinha e até a Aeronáutica "estarão nas ruas".
Isso sem contar, segundo a Globo, "450 homens da Polícia Federal, 4.500 policiais civis e 35 mil PMs". E isso sem contar a contribuição de Cesar Maia, "1.030 guardas municipais nos locais de votação".
Por fim, ontem o governo já queria mandar Fernandinho Beira-Mar aos EUA.
A explicação da governadora, no JN:
- É melhor prevenir.


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