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NO AR
Sob controle
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Se existe um vencedor do
debate final, não é nenhum
dos quatro presidenciáveis. É
William Bonner.
Do jovem de boa voz da escola
de comunicação; do locutor de
boa voz do início na TV; da boa
voz, enfim, ele virou mais do que
um âncora.
É uma estrela global que se vê
com poder para passar ordens
aos quatro presidenciáveis, um
dos quais será o presidente da
República.
- O Brasil exige um debate de
idéias.
Em diferentes versões, sempre
ostentando severidade e falando
em nome do Brasil, foi o que ele
exigiu de Lula, de José Serra,
Garotinho, Ciro Gomes, desde o
Jornal Nacional.
Na mesma direção, sublinhou
o "civismo" que foi levar 115
candidatos estaduais a debater
"aqui na Globo".
Os quatro, a exemplo dos 115
um dia antes, se submeteram a
um controle pleno, monopolista,
não só de seu "comportamento"
mas também das "idéias" que
poderiam abordar, a três dias
da eleição.
Um controle do que perguntar
-o oposto do debate em arena,
que na verdade ficou, se houver,
para o segundo turno.
Até o detalhamento das
"idéias" ficou sob controle, sob o
arbítrio de Bonner, sempre.
Eram como quatro estudantes
acuados pela voz.
O resultado foi o contrário do
debate anterior, visto na Record,
com Boris Casoy -quando se
revelou muito dos candidatos,
que falaram com uma liberdade
jamais vista.
Era tudo o que a Globo não
queria: descontrole.
Se na Record o programa se
aproximou da histeria, ontem
não saiu da mesmice.
Em tal ambiente, se houve um
favorecido, foi Lula. Por ele, era
melhor nem estar ali.
Na última -e esvaziada-
propaganda antes do primeiro
turno, a única novidade foi uma
disputa pela herança de Mário
Covas por Lula e Serra.
Logo eles.
A petista Benedita da Silva, no
Rio, entregou os pontos. Apelou
para Cesar Maia, até para os
EUA, na luta contra o "poder
paralelo".
Agora é o ministro da Defesa
quem informa que o Exército, a
Marinha e até a Aeronáutica
"estarão nas ruas".
Isso sem contar, segundo a
Globo, "450 homens da Polícia
Federal, 4.500 policiais civis e 35
mil PMs". E isso sem contar a
contribuição de Cesar Maia,
"1.030 guardas municipais nos
locais de votação".
Por fim, ontem o governo já
queria mandar Fernandinho
Beira-Mar aos EUA.
A explicação da governadora,
no JN:
- É melhor prevenir.
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