São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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Lula cogita licença do cargo em 2010 para eleger sucessor

Em reunião com líderes aliados, presidente condiciona decisão a uma candidatura única dos partidos governistas

Segundo relato de quem esteve no jantar anteontem, presidente avalia que leva vantagem ao comparar seus mandatos com os de FHC

KENNEDY ALENCAR
FÁBIO ZANINI
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse anteontem à noite, em jantar com líderes de partidos aliados, que pretende tirar licença do cargo em 2010 para se dedicar à eleição do sucessor. Condicionou essa licença a uma candidatura única dos atuais partidos que apóiam seu governo e a um índice de popularidade que lhe permita tentar transferir votos.
Segundo apurou a Folha, Lula afirmou ainda que pretende se reunir em breve com os cem maiores empresários do país para ouvir sugestões sobre economia e que, no segundo turno das eleições municipais do ano que vem, pretende subir no palanque de candidatos quando houver claro embate entre siglas do governo e da oposição.
Ao falar de 2010, Lula disse avaliar que os partidos aliados terão mais chance de derrotar a oposição se estiverem unidos desde o primeiro turno.
Segundo relato de participantes, Lula disse que pode se afastar da Presidência para pedir votos. "Transferência de voto é uma coisa que não sei se existe, mas eu acho que posso ajudar", teria afirmado.
A idéia de Lula, segundo líderes que jantaram com ele no Alvorada, é realizar uma disputa plebiscitária com a oposição. Com um candidato e com a licença da Presidência, Lula poderia fazer, segundo as palavras dele, "um debate mais franco" com a oposição.
Lula acha que levaria vantagem ao comparar os oito anos de seu mandato com os oito anos da gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso e avalia que o governador de São Paulo, José Serra, tende a ser o nome da aliança PSDB-DEM.
Segundo líderes, Lula não mencionou o nome do candidato único que deseja. Hoje, no topo de sua lista, há três nomes -Ciro Gomes (PSB), o aliado preferido, e os petistas Dilma Rousseff e Jaques Wagner.
Ontem, Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), único ministro presente no encontro no Alvorada, negou que Lula tenha confidenciado a aliados o desejo de se licenciar do cargo para fazer campanha. "Nunca ouvi o presidente falar isso. Ele nunca falou. Não confirmo de jeito nenhum."

Disputas municipais
Ao responder como se comportará nas eleições municipais, o presidente disse que não fará campanha quando houver mais de um candidato da sua frente disputando uma cidade.
No entanto, Lula prometeu se empenhar sempre que houver uma disputa clara entre os partidos que são governo e oposição no plano nacional, principalmente se for em segundo turno. "Nesse caso, vou para a rua. Gosto de fazer corpo-a-corpo", afirmou, sempre segundo os líderes.
No jantar, ao defender Walfrido, acusado de participação no valerioduto mineiro, Lula criticou a imprensa. Disse achar estranho que o foco de um caso que julga tucano tenha se voltado contra o governo.
Ontem à noite, Lula afirmou que ele "é a única alternância de poder que aconteceu em 500 anos" no Brasil. "Todos os presidentes que erraram e acertaram foram mais um presidente. Se eu errar, vão dizer que trabalhador não sabe governar."


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