São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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Sarney e Temer debatem ação do PMDB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Principal dirigente peemedebista da ala oposicionista, o senador José Sarney (AP) pediu encontro com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), cacique do partido que selou a aliança com o tucano José Serra, para discutir o futuro da sigla. Temas: presidência do Senado e posição em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O encontro deverá acontecer hoje à noite ou amanhã cedo, antes, portanto, da reunião da Executiva do PMDB com os cinco governadores eleitos pelo partido, que ocorrerá na tarde de terça.
A reunião Temer-Sarney será decisiva para o PMDB -pode acirrar o racha do partido ou diminuir divergências entre governistas e oposicionistas para que todos sobrevivam na gestão Lula.
Interessa a Sarney presidir o Senado e levar o PMDB a participar do ministério petista. Ele representa a chamada ala oposicionista. Hoje minoritária, ela tem 30% do partido, apoiou Lula desde o começo e tenta cooptar parte da ala governista (70% do PMDB) para se tornar hegemônica.
Já a Temer interessa separar a negociação congressual da eventual participação no governo Lula. Como o grupo apoiou Serra desde a primeira hora, a eventual participação ministerial se daria por puro fisiologismo. Seria dada à ala uma pasta sem peso.
O grupo governista quer negociações separadas para tentar ficar com a Câmara ou o Senado. "O PMDB aceita negociar institucionalmente com o PT, se formos falar do poder no Congresso. Falar em participação no governo só aumentará a divisão", diz o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
Um dos fatores que emperram a negociação entre oposicionistas e governistas é a resistência desse último grupo ao nome de Sarney para presidir o Senado. O candidato da ala governista ao posto é o senador Renan Calheiros (AL).
A ala governista estaria disposta até a apoiar o petista Aloizio Mercadante (SP) para presidir o Senado, se, em troca, o PT desse a Câmara ao grupo. No caso, Temer seria o candidato dos governistas.
Se falhar o diálogo Sarney-Temer, será iniciada uma guerra no PMDB. Nesse cenário, governistas tenderiam a ficar em minoria, mesmo com o comando formal.
Dos cinco governadores eleitos, só Jarbas Vasconcelos (PE) tem posição contra o PT. Germano Rigotto (RS) e Joaquim Roriz (DF) estão num campo intermediário. Luiz Henrique da Silveira (SC) tem simpatia pelo governo Lula. E Roberto Requião (PR) é pró-PT.


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