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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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REFORMA MINISTERIAL

Em reunião na casa de Sarney, ministros discutem com peemedebistas concessões na tributária e ministérios

Dirceu e Palocci receitam "pressão" ao PMDB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) sugeriram que o PMDB pressione o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por pastas na Esplanada dos Ministérios.
Os dois ministros se encontraram com a cúpula do PMDB anteontem à noite, na residência oficial do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Dirceu chamou Palocci na última hora. O ministro da Fazenda já estava descansando em casa àquela altura.
Na versão de um dos participantes da reunião, o presidente Lula deseja que as indicações do PMDB apareçam como demanda do partido para facilitar a remoção de ministros. Seria uma forma mais fácil de demitir petistas e tirar Miro Teixeira do Ministério das Comunicações.
Por Miro ser do PDT -que na prática está na oposição-, há pressão da cúpula do governo sobre Lula para tirá-lo.
É justamente Lula -que gosta de Miro por julgá-lo habilidoso politicamente- quem tem segurado o titular das Comunicações. Por isso, na visão de Dirceu e Palocci, é importante o PMDB pressionar pelas pastas.
Sarney e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), queixaram-se da demora para a legenda receber cargos altos na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil.
Os ministros e os peemedebistas cogitaram abertamente indicar o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eunício Oliveira, para ministro das Comunicações. Lula gosta de Eunício.
Mais: para a composição com o PMDB, o Ministério dos Transportes, hoje chefiado por Anderson Adauto (PL), entrou como alternativa ao Ministério das Cidades, devido à pressão de setores do PT para manter essa pasta com Olívio Dutra.
A Folha apurou que Calheiros cobrou de Palocci as indicações para uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal e duas diretorias do Banco do Brasil (Crédito Cooperativo e Assuntos Internacionais), alegando que os acertos haviam sido feitos quatro meses antes por Dirceu.
Os dois ministros disseram que há um debate no governo para que haja enxugamento do primeiro escalão e modificações no segundo.
Apesar de o Ministério dos Transportes ter se transformado num feudo do PMDB durante os anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a pasta entrou na negociação por ter crescido no PT a defesa da manutenção de Cidades nas mãos do partido em 2004, que é ano de eleições municipais.
Os ministros da Fazenda e da Casa Civil repetiram que Lula só fará a reforma ministerial depois de aprovar as reformas da Previdência e tributária no Senado.
Por isso, hoje, a tendência é que a modificação na Esplanada dos Ministérios fique para janeiro.


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