São Paulo, domingo, 05 de janeiro de 2003

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Ministro estuda recriar órgão para o Nordeste

Furtado diz a Ciro que não aceita cargo em projeto da nova Sudene

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O economista Celso Furtado, 82, disse ontem, após conversa com o ministro da Integração Social, Ciro Gomes (PPS), que o projeto de reformatação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) vai ajudar na "recuperação da dignidade do brasileiro". Segundo ele, contribuirá para o combate à fome.
Furtado disse que não aceita cargos nem "responsabilidades", mas que está disposto a ajudar sempre que for solicitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Meu único compromisso é com o Brasil. O presidente solicita, e eu faço o que posso. Não aceito nenhum emprego, nenhuma missão paga. Só aceito o que puder ser feito de graça."
Na sua opinião, a revitalização do órgão é essencial, porque "a Sudene se tornou um patrimônio do Nordeste". "Era para ter sido um acerto, mas acabou sofrendo degradação. Se conseguirem recuperar esse espaço que ela [Sudene" ocupava e levar adiante esse projeto, será um grande feito."
A Sudene foi criada em 1959 e extinta por Fernando Henrique Cardoso em 2001, estando agora em processo de liquidação. Celso Furtado foi seu idealizador e primeiro presidente, no governo Juscelino Kubitschek (1956-61).
O objetivo da visita a Furtado, de acordo com Ciro, era trocar idéias para evitar erros do passado, como as fraudes, a corrupção e "o enriquecimento de elites do Nordeste e Norte do país que escandalizaram o Brasil".
O ministro disse que formará grupos de trabalho para o Nordeste e para a Amazônia que terão prazo de 60 dias para apresentar uma proposta sobre a possibilidade de revitalização da Sudene.
Sobre a hipótese de recriar também a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), Ciro disse: "Eles [os grupos de trabalho" é que vão decidir. A verdade é que a ADA [Área de Desenvolvimento da Amazônia, que substituiu a Sudam" avançou mais em matéria de se institucionalizar do que a Adene [Agência de Desenvolvimento do Nordeste", que é a sucessora da Sudene, mas a própria sociedade da Amazônia e do Centro-Oeste do país, que são as suas áreas de influência, é que irá decidir."
O ministro também disse que vai rever o orçamento para torná-lo mais "realista", a fim de evitar "promessas mentirosas, licitações que não terão recursos e obras descontinuadas", o que, para ele, são "as fontes de desperdício e de corrupção no país".

Sábado de trabalho
O primeiro fim de semana após a posse foi de trabalho para pelo menos 12 ministros, em Brasília.
A ministra Dilma Roussef (Minas e Energia) disse que estava analisando documentos com assessores. Cristovam Buarque (Educação), José Graziano (Segurança Alimentar), Jaques Wagner (Trabalho) e Miro Teixeira (Comunicações), entre outros, realizaram despachos internos.
Guido Mantega (Planejamento) trabalhou na redação do discurso de sua solenidade de transmissão do cargo, marcada para depois de amanhã. Já Emília Fernandes (Direitos da Mulher) disse ter trabalhado em sua casa, em Brasília.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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