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Ministro estuda recriar órgão para o Nordeste
Furtado diz a Ciro que não aceita cargo em projeto da nova Sudene
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Celso Furtado,
82, disse ontem, após conversa
com o ministro da Integração Social, Ciro Gomes (PPS), que o projeto de reformatação da Sudene
(Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) vai ajudar
na "recuperação da dignidade do
brasileiro". Segundo ele, contribuirá para o combate à fome.
Furtado disse que não aceita
cargos nem "responsabilidades",
mas que está disposto a ajudar
sempre que for solicitado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Meu único compromisso é com o Brasil. O presidente solicita, e eu faço o que posso. Não
aceito nenhum emprego, nenhuma missão paga. Só aceito o que
puder ser feito de graça."
Na sua opinião, a revitalização
do órgão é essencial, porque "a
Sudene se tornou um patrimônio
do Nordeste". "Era para ter sido
um acerto, mas acabou sofrendo
degradação. Se conseguirem recuperar esse espaço que ela [Sudene" ocupava e levar adiante esse
projeto, será um grande feito."
A Sudene foi criada em 1959 e
extinta por Fernando Henrique
Cardoso em 2001, estando agora
em processo de liquidação. Celso
Furtado foi seu idealizador e primeiro presidente, no governo Juscelino Kubitschek (1956-61).
O objetivo da visita a Furtado,
de acordo com Ciro, era trocar
idéias para evitar erros do passado, como as fraudes, a corrupção
e "o enriquecimento de elites do
Nordeste e Norte do país que escandalizaram o Brasil".
O ministro disse que formará
grupos de trabalho para o Nordeste e para a Amazônia que terão
prazo de 60 dias para apresentar
uma proposta sobre a possibilidade de revitalização da Sudene.
Sobre a hipótese de recriar também a Sudam (Superintendência
do Desenvolvimento da Amazônia), Ciro disse: "Eles [os grupos
de trabalho" é que vão decidir. A
verdade é que a ADA [Área de
Desenvolvimento da Amazônia,
que substituiu a Sudam" avançou
mais em matéria de se institucionalizar do que a Adene [Agência
de Desenvolvimento do Nordeste", que é a sucessora da Sudene,
mas a própria sociedade da Amazônia e do Centro-Oeste do país,
que são as suas áreas de influência, é que irá decidir."
O ministro também disse que
vai rever o orçamento para torná-lo mais "realista", a fim de evitar
"promessas mentirosas, licitações
que não terão recursos e obras
descontinuadas", o que, para ele,
são "as fontes de desperdício e de
corrupção no país".
Sábado de trabalho
O primeiro fim de semana após
a posse foi de trabalho para pelo
menos 12 ministros, em Brasília.
A ministra Dilma Roussef (Minas e Energia) disse que estava
analisando documentos com assessores. Cristovam Buarque
(Educação), José Graziano (Segurança Alimentar), Jaques Wagner
(Trabalho) e Miro Teixeira (Comunicações), entre outros, realizaram despachos internos.
Guido Mantega (Planejamento)
trabalhou na redação do discurso
de sua solenidade de transmissão
do cargo, marcada para depois de
amanhã. Já Emília Fernandes (Direitos da Mulher) disse ter trabalhado em sua casa, em Brasília.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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