São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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LIBERAÇÃO DE VERBAS

Para Alckmin, há "promiscuidade" na gestão de Lula

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem -sobre a liberação de verbas para parlamentares por parte do governo federal- que a relação entre a gestão Luiz Inácio Lula da Silva e a Câmara dos Deputados é "totalmente promíscua".
Alckmin também classificou o "mensalão" como forma usada pelo Executivo para cooptar deputados de partidos da oposição para a base aliada, mas reconheceu que a prática de liberação de verbas não se restringe ao governo Lula. Ele admitiu que a estratégia também foi empregada em gestões anteriores, como a do ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso.
"O grande erro do governo do PT, que eu vejo, é que ele tornou essa relação [entre Legislativo e Executivo] totalmente promíscua. Quis construir maioria não baseado em projetos, mas baseado em outros métodos, que nós acabamos vendo quais eram", afirmou Alckmin, ao ser questionado sobre a liberação de verbas.
Segundo o governador paulista, o governo federal tentou obter maioria na Câmara "cooptando partidos e desidratando os [partidos] da oposição. Tínhamos mais de 70 deputados, fomos reduzidos a 50. Por quê? Pelos belos olhos do adversário? Não, por métodos que hoje nós sabemos quais foram", disse o governador, em referência ao "mensalão".

"Modelo político"
Ao ser questionado sobre o fato de o governo FHC também ter liberado verbas para deputados como forma de obter apoio, Alckmin respondeu: "Não [com] os métodos do mensalão." Reconheceu, porém, que o problema da liberação de recursos para emendas de parlamentares não se restringe ao governo Lula.
"O problema não é desse governo, especificamente. O problema é o modelo político pluripartidário, com mais de 30 partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e 19 com representação na Câmara, sem fidelidade partidária", disse. "Fica difícil."
Alckmin apontou a reforma política, com a implantação da fidelidade partidária, como forma de melhorar as relações entre os Poderes Executivo e Legislativo.
As declarações foram dadas em São Paulo durante vistoria do governador às obras do Parque da Juventude, na zona norte.


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