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FINANCIAMENTO AGRÁRIO
Suspeita de irregularidades leva Miguel Rossetto a anunciar cancelamento do programa de crédito fundiário
Herança de FHC, Banco da Terra será extinto pelo governo
EVANDRO SPINELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O principal programa de crédito
fundiário do governo de Fernando Henrique Cardoso, o Banco da
Terra, será extinto pelo ministro
do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.
Ligado às correntes da esquerda
do PT e alinhado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), Rossetto decidiu cancelar o programa após receber um
relatório que apresenta uma série
de supostas irregularidades e problemas de gestão no programa.
A decisão pode ser vista como
uma vitória do MST, que contestava o funcionamento do Banco
da Terra, alegando que é um programa que financiava a chamada
"reforma agrária de mercado".
O MST e o próprio Rossetto defendem uma intervenção direta
do Estado na estrutura agrária
por meio da desapropriação de
terras improdutivas.
O financiamento da "reforma
agrária de mercado", no entanto,
não vai acabar. A equipe do ministério prepara a criação de um
novo projeto de crédito fundiário,
que deve ser lançado em março.
"Vou manter o programa de crédito, mas quero uma avaliação
completa", disse Rossetto.
O relatório foi entregue ontem
pela equipe do ministério e apontou irregularidades em pelo menos 13 projetos. "Vamos construir
um grande projeto de crédito fundiário no país. Não vamos usar
mais a marca Banco da Terra e vamos implantar um modelo de
gestão que nos propicie um melhor aproveitamento dos recursos
públicos", disse Eugênio Peixoto,
secretário de Reforma Agrária do
ministério, órgão que será transformado na Secretaria Nacional
de Reestruturação Fundiária.
O novo projeto manterá o programa de combate à pobreza rural, que atende 11 Estados e tem
verba do Banco Mundial, e incluirá uma linha de crédito para jovens agricultores e outra de consolidação da agricultura familiar.
Peixoto disse que o financiamento tem de funcionar como
um instrumento de política pública que auxilie no desenvolvimento da região e das famílias.
Danilo Garcia, coordenador do
Fundo de Terras do ministério,
disse que o Banco da Terra propiciou resultados positivos, mas a
estrutura precária de acompanhamento e avaliação dos projetos propiciou distorções.
"Houve casos em que o proprietário da área tomou a iniciativa de
buscar o financiamento. Isso pode fazer com que o preço da terra
suba", disse o coordenador.
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