São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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CAMPO MINADO

Sem-terra invadiram praças em protesto contra aumento de tarifas

MST invade pedágios no Paraná

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) liderou ontem, primeiro dia de vigência das novas tarifas, invasões em oito praças de pedágio de rodovias no Paraná. A primeira invasão se deu por volta das 8h15 -70 sem-terra tomaram a praça da Viapar em Presidente Castelo Branco, noroeste do Estado.
Às 17h, já eram cinco as praças invadidas em diferentes regiões do Estado. O governo do Paraná destacou policiais militares para os pontos de invasão, mas não interveio nem evitou que o protesto contra o aumento se alastrasse.
Foi a segunda onda de invasão de praças de pedágio que o MST promoveu, sem reação policial, no governo de Roberto Requião (PMDB). Em junho do ano passado, invadiram 11 das 26 praças. O protesto de então pedia a encampação do serviço pelo Estado.
A regional da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) protocolou à tarde na Secretaria da Segurança Pública do Estado um ofício pedindo providências do governo. O diretor regional da ABCR, João Chiminazzo Neto, disse considerar "muito estranhas" as invasões lideradas pelo MST. Em ações independentes, as empresas entraram na Justiça pleiteando reintegração de posse das praças.

Requião
Requião passou o dia sem agenda pública em Curitiba e não se manifestou sobre o episódio diretamente nem por meio de sua assessoria de imprensa.
Por meio da assessoria do governo, o secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, disse à tarde que a PM só iria intervir "em caso de depredação e baderna ou se as concessionárias obtiverem uma ordem judicial [de reintegração]".
À noite, em uma nota do governo, Delazari atribuiu as invasões a uma possível "reação do MST às desocupações que estamos promovendo no Estado".
Ele disse que 490 policiais garantiram ontem o despejo de uma fazenda em Guarapuava.

A ação
Ao chegar à praça de Castelo Branco, pela manhã, os integrantes do MST assumiram as cabinas, cortaram os fios do circuito de segurança de TV e suspenderam a cobrança da tarifa.
No final da tarde, a mesma operação se repetiu em Arapongas e Campo Mourão (da Viapar), no distrito de São Luís do Purunã, em Carambeí e Imbaú (Rodonorte), e Jataizinho e Mauá da Serra (Econorte). Na praça da Ecovia, entre Curitiba e o litoral do Estado, houve um buzinaço contra o reajuste de caminhoneiros que levavam grãos.
Quatro concessionárias conseguiram na sexta-feira, na Justiça Federal, autorização para aplicar o reajuste (de no mínimo 15,34%) previsto em contrato para dezembro, mas que o governo se recusou a conceder.

Recurso
O procurador-geral do Estado do Paraná, Sérgio Botto de Lacerda, protocolou na tarde de ontem, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, um recurso do governo contra a decisão.
A Agência Folha tentou entrar em contato com os coordenadores do MST no Paraná, Roberto Baggio e José Damasceno, mas eles não foram localizados até o fechamento desta edição.


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