São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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OUTRO LADO

Caixa confirma existência de documento

DA REPORTAGEM LOCAL

A Caixa Econômica Federal confirmou a existência do relatório de fiscalização dos bingos, de 11 de março de 2003, mas não quis comentar o conteúdo do documento.
A assessoria de imprensa da Caixa informou que a auditoria é sigilosa e que, por esse motivo, nem sequer poderia informar a quem encaminhou o documento. Segundo a Caixa, atualmente quem responde por esse assunto é a Casa Civil, já que, desde dezembro de 2002, a instituição não concede mais autorizações para o funcionamento de bingos.
A assessoria da Caixa também confirmou que os três auditores que assinam o relatório continuam trabalhando na instituição, mas que não poderiam fornecer detalhes sobre o documento.
A Folha procurou a Casa Civil, mas a assessoria de imprensa informou que só poderia se pronunciar se souber para quem o documento foi encaminhado, o que a Caixa informou que não poderia fazer.
O Ministério do Esporte informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o relatório entregue no dia 8 de maio ao chefe de gabinete do ministério, Francisco Claudio Monteiro, por procuradores do Ministério Público Federal de Brasília, não foi repassado ao ministro Agnelo Queiroz.
De acordo com o Ministério do Esporte, o documento foi entregue "em caráter pessoal" -ou seja, de maneira informal-, não foi protocolado e não foram pedidas providências sobre o assunto. Também informou que a finalidade do documento era fornecer "subsídios" para analisar o setor. A reportagem pediu para falar com o chefe-de-gabinete e com o ministro, mas a assessoria informou que eles não se pronunciariam sobre o caso.
A Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos), que representa metade dos cerca de 1.100 bingos que atuam no país, informou, por meio de nota, que "uma vez que não foram fornecidos os nomes dos bingos citados nos relatórios da Caixa e do Ministério Público, a Abrabin não tem como se pronunciar, pois não conhece por completo o teor dos documentos e não sabe se os bingos citados fazem parte da associação".
A associação destacou, na nota, que os os bingos existem no Brasil desde 1993 e que há mais de dez anos existem "insinuações de que há indícios de que estão vinculados à prostituição, à máfia dos caça-níqueis e à lavagem de dinheiro".
A nota ressalta ainda que, "durante esses dez anos de atividade, nunca ficou comprovada a ligação de nenhum dos bingos existentes com nenhuma máfia de caça-níqueis".
Para a Abrabin, as insinuações de lavagem de dinheiro "nunca foram e nunca serão comprovadas por serem, além de infundadas, inviáveis". "No tempo em que a lei regulava a atividade, 65% do dinheiro arrecadado era destinado ao pagamento de prêmios e do imposto de renda; 7% era destinado às federações e entidades esportivas para o fomento do esporte; os 28% restantes eram destinados ao pagamento de salários, férias, décimo terceiro, ISS, PIS etc". (CR e FF)

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