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SOMBRA NO PLANALTO
Serra e Bornhausen se encontram e orientam candidatos a prefeito tucanos e pefelistas a privilegiar ataques ao governo Lula
PSDB e PFL querem campanha federalizada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os presidentes do PSDB, José
Serra, e do PFL, Jorge Bornhausen, almoçaram ontem em Brasília para sinalizar aos diretórios estaduais dos dois partidos que eles
devem privilegiar alianças e unificar o discurso nas eleições de outubro contra a política econômica, a falta de programas sociais e a
crise política do governo Lula.
Segundo Bornhausen, ele e Serra avaliaram que "o escândalo
Waldomiro Diniz causou uma
profunda alteração no quadro
eleitoral. O PT perdeu seu grande
trunfo, que era o monopólio da
ética, e isso vai federalizar a campanha municipal".
Uma expectativa comum a tucanos e pefelistas é que o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, vá conseguir um bom acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para a rolagem de
uma parcela de US$ 3,1 bilhões de
sua dívida que vence no próximo
dia 9 e que isso vá deixar o governo em situação "desconfortável"
-enquanto o Brasil mantém "a
cartilha do arrocho", o país vizinho tem negociado de forma mais
"soberana".
Quanto à apresentação, ontem,
do requerimento de convocação
da CPI dos bingos -que, se instalada, poderá centrar foco no Palácio do Planalto-, Bornhausen
disse que ele e Serra praticamente
não falaram sobre isso.
"Nós e nossos partidos somos
favoráveis à CPI. Como é uma posição pública, notória, não nos estendemos nisso", disse o presidente do PFL.
Os dois, entretanto, receberam
relatos do líder do PFL no Senado,
José Agripino Maia (RN), sobre as
negociações, as idas e vindas pró e
contra CPI do dia no Congresso.
Conforme Agripino, o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), "tirou o time, o autor do requerimento, Magno Malta [PL-ES], evaporou, e os governistas surrupiaram uma folha de
assinaturas pró-CPI".
Bornhausen, porém, saiu do encontro com Serra com duas certezas. Uma delas: "Se essa [a dos
bingos] não der certo, já temos a
outra, do Antero Paes de Barros
[PSDB-MT], engatilhada". Nesse
caso, o pedido é para apurar o caso Waldomiro Diniz diretamente.
A segunda certeza do pefelista:
"O governo está pagando um alto
preço, além de todo o desgaste,
com a operação abafa". Referia-se
às concessões que o governo terá,
fatalmente, de fazer para aliados e
até oposicionistas.
(ELIANE CANTANHÊDE)
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