São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Serra e Bornhausen se encontram e orientam candidatos a prefeito tucanos e pefelistas a privilegiar ataques ao governo Lula

PSDB e PFL querem campanha federalizada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidentes do PSDB, José Serra, e do PFL, Jorge Bornhausen, almoçaram ontem em Brasília para sinalizar aos diretórios estaduais dos dois partidos que eles devem privilegiar alianças e unificar o discurso nas eleições de outubro contra a política econômica, a falta de programas sociais e a crise política do governo Lula.
Segundo Bornhausen, ele e Serra avaliaram que "o escândalo Waldomiro Diniz causou uma profunda alteração no quadro eleitoral. O PT perdeu seu grande trunfo, que era o monopólio da ética, e isso vai federalizar a campanha municipal".
Uma expectativa comum a tucanos e pefelistas é que o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, vá conseguir um bom acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para a rolagem de uma parcela de US$ 3,1 bilhões de sua dívida que vence no próximo dia 9 e que isso vá deixar o governo em situação "desconfortável" -enquanto o Brasil mantém "a cartilha do arrocho", o país vizinho tem negociado de forma mais "soberana".
Quanto à apresentação, ontem, do requerimento de convocação da CPI dos bingos -que, se instalada, poderá centrar foco no Palácio do Planalto-, Bornhausen disse que ele e Serra praticamente não falaram sobre isso.
"Nós e nossos partidos somos favoráveis à CPI. Como é uma posição pública, notória, não nos estendemos nisso", disse o presidente do PFL.
Os dois, entretanto, receberam relatos do líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), sobre as negociações, as idas e vindas pró e contra CPI do dia no Congresso.
Conforme Agripino, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), "tirou o time, o autor do requerimento, Magno Malta [PL-ES], evaporou, e os governistas surrupiaram uma folha de assinaturas pró-CPI".
Bornhausen, porém, saiu do encontro com Serra com duas certezas. Uma delas: "Se essa [a dos bingos] não der certo, já temos a outra, do Antero Paes de Barros [PSDB-MT], engatilhada". Nesse caso, o pedido é para apurar o caso Waldomiro Diniz diretamente.
A segunda certeza do pefelista: "O governo está pagando um alto preço, além de todo o desgaste, com a operação abafa". Referia-se às concessões que o governo terá, fatalmente, de fazer para aliados e até oposicionistas.
(ELIANE CANTANHÊDE)


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