São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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REFORMA MINISTERIAL

Alfredo Nascimento (PL), após reunião com Lula, confirma ida para ministério e diz assumir "precavido"

Prefeito de Manaus vai assumir Transportes

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, 50, confirmou ontem que assumirá, no próximo dia 15, o Ministério dos Transportes, em substituição a Anderson Adauto, também do PL. Em entrevista ontem, depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Nascimento afirmou que assume o cargo "precavido" e que passará mais tempo "conhecendo estradas" do que em seu gabinete em Brasília.
"Estou precavido porque é uma atividade nova, um desafio", disse ele, quando questionado sobre seu estado de espírito ao assumir a pasta. Nascimento irá renunciar ao cargo de prefeito.
Questionado sobre as denúncias de corrupção, que já rondaram a pasta em governos anteriores, disse que o problema não se combate com palavras, mas com atos. "Isso não se muda dizendo que vai mudar. A gente só consegue mudar com atos, posições."
Nascimento foi alvo de seis processos de improbidade administrativa. Ontem, ele disse que distribuiria material sobre o assunto aos jornalistas para provar sua inocência. Os processos, informou, são trabalhistas. "Tenho os despachos emitidos pelos desembargadores dizendo que as acusações são totalmente infundadas."
Entre ontem e anteontem, o futuro ministro teve duas reuniões com o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Ontem, reuniu-se com Lula. Saiu do gabinete do presidente dizendo uma das frases que Lula mais aprecia que seus subordinados digam: "Trabalhar com dinheiro é muito fácil. O maior desafio que você tem que enfrentar é justamente trabalhar com poucos recursos".
O futuro ministro afirmou que a transição será "tranqüila" e que Anderson Adauto, que vai disputar a Prefeitura de Uberaba (MG), colocou-se à disposição para passar todas as informações. Nascimento, por sua vez, disse que não mudará a diretriz da pasta. Em seguida, declarou que não irá "inventar absolutamente nada".
A prioridade do ministério, disse ele, citando a determinação de Lula, será a recuperação das estradas federais responsáveis pelo escoamento da produção.
Nascimento passou os últimos 20 anos em cargos no Executivo de Manaus e do Estado do Amazonas. Foi cinco vezes secretário (estadual e municipal) de pastas diversas, como Fazenda e Saúde. Foi vice-governador e cumpre seu segundo mandato como prefeito.
Apesar de estar chegando a Brasília e de nunca ter ocupado cargo no Legislativo, Nascimento não se mostrou abalado pelo fato de a bancada mineira do PL ter reclamado de sua indicação. Esses parlamentares queriam ver outro mineiro, como Adauto, no cargo.

Despedida
Em tom de despedida, Adauto disse ontem que deixa a pasta com a "consciência tranqüila".
O ministro, que se reuniu ontem com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), em Belo Horizonte, classificou sua saída de "processo natural de transição".
Adauto aproveitou para defender sua gestão. Afirmou que conseguiu, em média, valores 25% menores nas licitações e que empenhou (reservou para gasto) todas as verbas a que teve direito.
Sobre se conseguiu acabar com possíveis irregularidades no ministério, disse que "é muito difícil você falar que acabou com a corrupção", pois não trabalha sozinho, mas com "equipe grande".


Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte

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