|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REGIME MILITAR
Depoimentos podem levar a corpos de guerrilheiros do Araguaia
Peritos iniciam busca por ossadas
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ (PA)
Um grupo de peritos enviado
pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos a Tocantins inicia
hoje trabalho para localizar corpos de integrantes da guerrilha do
Araguaia que podem estar enterrados na cidade de Xambioá, a
502 quilômetros de Palmas.
A guerrilha foi um movimento
armado de integrantes do PC do B
que atuou na divisa dos Estados
de Tocantins (na época, Goiás) e
Pará. Foi combatida e derrotada
pelo Exército entre 1972 e 1975.
Segundo dados do Ministério da
Justiça, 61 pessoas desapareceram
na região durante o período.
O grupo é composto por três
antropólogas argentinas, um geólogo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e um geneticista do Laboratório de DNA da
Universidade Federal de Alagoas.
Eles viajaram na tarde de ontem
em um avião da FAB (Força Aérea
Brasileira) de Brasília a Marabá
(PA), acompanhados por integrantes da Comissão de Mortos e
Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça e familiares de
desaparecidos no regime militar.
Hoje de manhã, o secretário nacional dos Direitos Humanos,
Nilmário Miranda, chega a Marabá e parte de carro para Xambioá.
A ida ocorre depois de a revista
"Época" ter revelado, no último
final de semana, depoimentos de
ex-soldados que indicaram locais
onde podem estar enterradas ao
menos quatro pessoas que participaram da guerrilha. No início da
semana, Nilmário pediu para o
local ser isolado.
De acordo com o geólogo Paulo
Roberto Antunes Aranha, da
UFMG, um radar terrestre que
emite ondas eletromagnéticas para o solo e capta o retorno dessas
ondas, facilitando com isso a
identificação dos locais que possam conter covas, será usado durante o trabalho e nas escavações.
Os trabalhos do grupo devem se
estender até o dia 12.
Uma das pessoas que acompanha o grupo é a ex-guerrilheira
Criméia Almeida, 57, que viveu
na região do Araguaia de janeiro
de 1969 até agosto de 1972, quando conseguiu fugir, grávida, para
São Paulo. Para ela, as chances de
encontrar os corpos desaparecidos aumentaram com os depoimentos dos ex-soldados. Ela teve
um relacionamento e um filho
com André Grabois, desaparecido no Araguaia.
Os jornalistas JOSÉ EDUARDO RONDON e ALAN MARQUES viajaram em
avião da FAB, a convite da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, no trecho
Brasília-Marabá (PA)
Texto Anterior: Caso Santo André: Acusado nega ligação com morte de prefeito Próximo Texto: Operação Anaconda: Ministério Público faz duas novas denúncias contra juiz Rocha Mattos Índice
|