São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Dossiê é conceito, não fato determinado", afirma Tarso

Ministro da Justiça diz, que se provocada, Polícia Federal pode começar a investigar

Governo caracteriza caso como "um vazamento ilegal de documentos" que está sendo investigado por uma sindicância da Casa Civil

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que, caso haja pedido formal de alguma autoridade, determinará à PF (Polícia Federal) que investigue a responsabilidade pelo vazamento do dossiê com informações sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth, a partir de 1998.
Em visita à ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio, Genro falou que o pedido poderá partir da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem chamou de "investigante", do Ministério Público Federal ou da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura os gastos de autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva com cartões corporativos.
"Se alguma autoridade, em algum momento, pedir para investigar e fundamentar esse pedido, obviamente a Polícia Federal vai investigar, seja a pedido do procurador, da ministra, que está fazendo a investigação, seja a pedido da própria CPI", disse Tarso, após participar do lançamento da Caravana da Anistia, iniciativa para agilizar a análise dos pedidos de anistia formulados nos últimos anos ao governo federal.
Para o ministro, ainda não está determinada a real existência de um dossiê. "O que está sendo investigado na Casa Civil é vazamento de documento, que traduz informações que, segundo circulou, são reservadas a respeito de outras administrações. Isso é um fato determinado. Dossiê não é fato determinado. Dossiê é conceito. E a Polícia Federal e a sindicância não investigam conceito. Se é dossiê ou não, é um juízo político, o Ministério da Justiça não emite opinião".
De acordo com Tarso, o único fato até agora existente é "um vazamento ilegal de documentos", investigado pela Casa Civil, origem do dossiê. "A ministra é investigante. Para prestar qualquer informação [à CPI], ela tem que terminar a investigação. Ela está fazendo a investigação de um documento que vazou de seu ministério. Então, é necessário que se termine essa investigação para que se veja até a necessidade de alguém dar um depoimento".
O ministro negou que tenha feito juízo político sobre o comportamento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que admitiu ter sabido do dossiê antes de sua divulgação pela imprensa. Ele voltou a defender que Dias diga o que sabe sobre o dossiê.
"Quando mencionei que seria importante que ele dissesse de onde é que vem, não quero dizer que ele tem obrigação de dizer. Ele é parlamentar, ele diz se quiser. Agora, se quisermos colaborar com a cadeia de transmissão do documento para chegar na fonte, seria uma contribuição para a CPI e para o Estado brasileiro se o senador dissesse de onde é que veio. Ele não está obrigado a dizer. Ele está abrigado, inclusive, no seu mandato". (SERGIO TORRES)


Texto Anterior: Jungmann explica gasto com massagem de período em que foi ministro de FHC
Próximo Texto: Estudantes dormem no chão e dançam forró na 1ª noite de invasão na UnB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.