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"Dossiê é conceito, não fato determinado", afirma Tarso
Ministro da Justiça diz, que se provocada, Polícia Federal pode começar a investigar
Governo caracteriza caso como "um vazamento ilegal de documentos" que está sendo investigado por uma sindicância da Casa Civil
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, disse ontem que, caso
haja pedido formal de alguma
autoridade, determinará à PF
(Polícia Federal) que investigue a responsabilidade pelo vazamento do dossiê com informações sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e sua mulher, Ruth, a
partir de 1998.
Em visita à ABI (Associação
Brasileira de Imprensa), no
Rio, Genro falou que o pedido
poderá partir da ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, a
quem chamou de "investigante", do Ministério Público Federal ou da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que
apura os gastos de autoridades
do governo Luiz Inácio Lula da
Silva com cartões corporativos.
"Se alguma autoridade, em
algum momento, pedir para investigar e fundamentar esse
pedido, obviamente a Polícia
Federal vai investigar, seja a pedido do procurador, da ministra, que está fazendo a investigação, seja a pedido da própria
CPI", disse Tarso, após participar do lançamento da Caravana
da Anistia, iniciativa para agilizar a análise dos pedidos de
anistia formulados nos últimos
anos ao governo federal.
Para o ministro, ainda não
está determinada a real existência de um dossiê. "O que está sendo investigado na Casa
Civil é vazamento de documento, que traduz informações que,
segundo circulou, são reservadas a respeito de outras administrações. Isso é um fato determinado. Dossiê não é fato
determinado. Dossiê é conceito. E a Polícia Federal e a sindicância não investigam conceito. Se é dossiê ou não, é um juízo político, o Ministério da Justiça não emite opinião".
De acordo com Tarso, o único fato até agora existente é
"um vazamento ilegal de documentos", investigado pela Casa
Civil, origem do dossiê. "A ministra é investigante. Para prestar qualquer informação [à
CPI], ela tem que terminar a investigação. Ela está fazendo a
investigação de um documento
que vazou de seu ministério.
Então, é necessário que se termine essa investigação para
que se veja até a necessidade de
alguém dar um depoimento".
O ministro negou que tenha
feito juízo político sobre o comportamento do senador Álvaro
Dias (PSDB-PR), que admitiu
ter sabido do dossiê antes de
sua divulgação pela imprensa.
Ele voltou a defender que Dias
diga o que sabe sobre o dossiê.
"Quando mencionei que seria importante que ele dissesse
de onde é que vem, não quero
dizer que ele tem obrigação de
dizer. Ele é parlamentar, ele diz
se quiser. Agora, se quisermos
colaborar com a cadeia de
transmissão do documento para chegar na fonte, seria uma
contribuição para a CPI e para
o Estado brasileiro se o senador
dissesse de onde é que veio. Ele
não está obrigado a dizer. Ele
está abrigado, inclusive, no seu
mandato".
(SERGIO TORRES)
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