Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
"Avançamos muito", avalia presidente
DA SUCURSAL DO RIO
Maurício Azedo tem 73
anos, 50 de jornalismo e
está no segundo mandato
de presidente da ABI. Ele
chama a atenção para os
riscos que a volta da censura prévia representa para as liberdades de informação e opinião. (MB)
FOLHA - Como avalia a evolução do jornalismo brasileiro ao
longo desses cem anos?
MAURÍCIO AZEDO - A imprensa brasileira atingiu
um nível muito importante porque suas técnicas de
redação, reportagem e
apresentação do noticiário
estão sempre se modernizando. Tem havido progressos extraordinários na
apresentação visual e gráfica das publicações.
Paralelamente, também
houve uma melhoria profunda no que concerne ao
comportamento ético dos
veículos e dos jornalistas
em geral. A idéia antiga de
picaretas e de publicações
fazendo marreta desapareceu, embora ainda possam existir manifestações
residuais. Houve também
uma melhoria da visão que
os meios de comunicação
têm em relação à diversidade social e à pluralidade
de opiniões vigentes na sociedade. Há isenção, imparcialidade e sobretudo
respeito a essa pluralidade. Avançamos muito.
FOLHA - Qual o problema
atual do jornalismo?
AZEDO - Um problema
fundamental dos meios
impressos é a pobreza do
povo brasileiro. No Japão,
há 463 leitores em cada
grupo de mil pessoas adultas, enquanto no Brasil esse nível corresponderá no
máximo a 15% do registrado no Japão, o que resulta
da pobreza do povo brasileiro, que não tem dinheiro para comprar jornal.
FOLHA - Qual a prioridade da
ABI neste momento?
AZEDO - A grande campanha que a gente tem de desenvolver e sustentar é a
liberdade do direito à informação. O projeto da
ABI neste início de século
é travar uma batalha para
que a liberdade de informação não enfrente os riscos e as restrições a que está submetida hoje em dia.
FOLHA - A ABI tem posição
sobre a necessidade ou não de
uma nova Lei de Imprensa?
AZEDO - Não temos uma
opinião definida e acho difícil chegar a uma posição
de certa ortodoxia porque
a existência ou não de uma
lei de imprensa divide jornalistas, empresários da
comunicação e setores
formadores de opinião.
Mas nós consideramos
que temos necessidade de
definir uma lei de defesa
da liberdade de informação que garanta aos meios
e, através deles, ao conjunto da sociedade, a possibilidade de circulação de
idéias sem restrições.
Texto Anterior: ABI chega aos 100 anos com dívida e busca revitalização Próximo Texto: Processos de fiéis contra "O Globo" repetem forma usada contra Folha Índice
|