São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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entrevista

"Avançamos muito", avalia presidente

DA SUCURSAL DO RIO

Maurício Azedo tem 73 anos, 50 de jornalismo e está no segundo mandato de presidente da ABI. Ele chama a atenção para os riscos que a volta da censura prévia representa para as liberdades de informação e opinião. (MB)

 

FOLHA - Como avalia a evolução do jornalismo brasileiro ao longo desses cem anos?
MAURÍCIO AZEDO
- A imprensa brasileira atingiu um nível muito importante porque suas técnicas de redação, reportagem e apresentação do noticiário estão sempre se modernizando. Tem havido progressos extraordinários na apresentação visual e gráfica das publicações. Paralelamente, também houve uma melhoria profunda no que concerne ao comportamento ético dos veículos e dos jornalistas em geral. A idéia antiga de picaretas e de publicações fazendo marreta desapareceu, embora ainda possam existir manifestações residuais. Houve também uma melhoria da visão que os meios de comunicação têm em relação à diversidade social e à pluralidade de opiniões vigentes na sociedade. Há isenção, imparcialidade e sobretudo respeito a essa pluralidade. Avançamos muito.

FOLHA - Qual o problema atual do jornalismo?
AZEDO
- Um problema fundamental dos meios impressos é a pobreza do povo brasileiro. No Japão, há 463 leitores em cada grupo de mil pessoas adultas, enquanto no Brasil esse nível corresponderá no máximo a 15% do registrado no Japão, o que resulta da pobreza do povo brasileiro, que não tem dinheiro para comprar jornal.

FOLHA - Qual a prioridade da ABI neste momento?
AZEDO
- A grande campanha que a gente tem de desenvolver e sustentar é a liberdade do direito à informação. O projeto da ABI neste início de século é travar uma batalha para que a liberdade de informação não enfrente os riscos e as restrições a que está submetida hoje em dia.

FOLHA - A ABI tem posição sobre a necessidade ou não de uma nova Lei de Imprensa?
AZEDO
- Não temos uma opinião definida e acho difícil chegar a uma posição de certa ortodoxia porque a existência ou não de uma lei de imprensa divide jornalistas, empresários da comunicação e setores formadores de opinião. Mas nós consideramos que temos necessidade de definir uma lei de defesa da liberdade de informação que garanta aos meios e, através deles, ao conjunto da sociedade, a possibilidade de circulação de idéias sem restrições.


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