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PARANÁ
Soldados estavam em carro que teria sido amassado por integrantes do MST, segundo as investigações
PM atirou em sem-terra, diz delegado
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Curitiba
O delegado de
Homicídios de Curitiba, Fauze Mahmoud Hussain, disse ontem que o tiro
contra o sem-terra
Antônio Tavares Pereira, morto
na última terça, partiu de PMs
que estavam em uma perua Veraneio amarela na BR-277.
Hussain irá requisitar hoje à Polícia Militar a apresentação da camionete, cujo capô, conforme informou, foi amassado pelos companheiros de Pereira.
Assim que souber quem eram
os ocupantes da Veraneio -provavelmente um grupo de quatro
soldados-, o delegado disse que
irá descobrir o autor do disparo.
Baseado em suas investigações,
Hussain afirmou que o confronto
ocorreu às 8h15, quando o ônibus
em que Pereira estava foi barrado
pela PM, que teria pedido ao grupo que retornasse a Candói (360
km de Curitiba).
No caminho de volta, o ônibus
de Pereira encontrou outros ônibus de sem-terra que seguiam para Curitiba. Ele e outros militantes
do MST teriam descido do ônibus, contrariando os PMs. Segundo o delegado, os policiais não faziam parte do grupo que fora destacado para coibir o movimento.
"Houve disparos intimidatórios
por parte da PM. Não houve intenção deliberada. Tanto que o
projétil encontrado no corpo estava deformado", afirmou.
Hussain disse que Pereira foi levado ao Hospital do Trabalhador
por um casal que dirigia um Chevette, que ficou impedido de trafegar pela rodovia BR-277 devido
à manifestação do MST. O sem-terra Aparecido Alves, uma das
testemunhas, acompanhou Pereira até o hospital. A polícia ainda
não localizou o casal nem Alves.
A assessoria da Secretaria da Segurança do Paraná informou que
o secretário José Tavares solicitou
relatório a Hussain para tomar
conhecimento dos novos fatos.
Até ontem, a secretaria negava
que o conflito tivesse ocorrido.
A assessoria do governador Jaime Lerner (PFL) disse que não há
mudança na posição do Executivo. Segundo a assessoria, Lerner
quer a apuração "concreta e urgente" das responsabilidades da
PM e dos sem-terra.
Cerca de 200 pessoas acompanharam o velório e o enterro do
agricultor Antônio Tavares Pereira, 38, ontem pela manhã, no assentamento Ilhéus, em Candói.
Entre as lideranças do MST, estava João Pedro Stedile, integrante da direção nacional do movimento. "O secretário (José Tavares) disse, em entrevista, que assumiria toda a responsabilidade
pela ação que resultou na morte
de um companheiro e deixou outro desaparecido. Então, ele que
responda no banco dos réus por
esse crime."
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