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Testemunha desconhece autores
da Agência Folha, em Candói
O assentado e militante do MST
Aparecido Alves do Souza, que levou o agricultor Antônio Tavares
Pereira ao Hospital do Trabalhador, disse ontem que não é capaz
de reconhecer os policiais envolvidos no conflito na BR-277,
ocorrido na terça-feira.
Ele afirmou que os tiros foram
disparados por policiais militares,
mas disse que não viu os rostos.
"Quando ele (Pereira) foi ferido,
eu estava de costas para os policiais, correndo para me proteger." Ele acrescentou que não
soube identificar a rodovia ao
chegar ao hospital.
"Na hora, não sabia. Acho que a
moça do hospital escreveu na ficha BR-116 por conta dela." A informação foi confirmada por Andrea Molinari, secretária da direção do hospital. Segundo ela, a assistente administrativa Augusta
Silveira, disse que colocou a BR-116 na ficha "por dedução", já que
90% dos atendimentos do hospital são de acidentes nessa rodovia.
Souza afirmou que saiu de ônibus na noite de segunda-feira na
companhia de Antônio Tavares
Pereira e dos outros dois assentados, também militantes do MST.
"Quando acordei, já lá na chegada de Curitiba, a polícia estava
obrigando o nosso ônibus a retornar. Depois de fazer a manobra e
voltar, escoltados por dois carros
da PM, cruzamos com cinco ônibus que estavam parados do outro lado da pista."
Segundo ele, os ônibus pararam
e cerca de 30 sem-terra desceram.
"Foi nesse instante que uns quatro policiais em dois carros, que já
estavam do outro lado da pista,
gritaram para a gente voltar para
o ônibus. Em seguida, atiraram
contra nós." O assentado disse
que viu tiros sendo disparados
para o chão, para o alto e na direção dos sem-terra.
Souza disse que um homem,
que estava parado em um congestionamento com um Chevette,
atendeu o pedido para levar o
agricultor ferido até o hospital.
O motorista da empresa Falkentur, Márcio Salkembak, 21,
que diz ter transportado o agricultor Antônio Tavares Pereira,
confirma parte da versão do MST.
Por volta das 7h da última terça-feira, a Polícia Rodoviária Estadual solicitou que o ônibus retornasse a Cantagalo (região norte
do Estado), mas, de acordo com
Salkembak, os integrantes do
MST preferiram descer dos veículos e ficar no local. "Quando viram policiais e outros integrantes
do MST na estrada, eles (os sem-terra) desceram do veículo", disse
o motorista e filho do proprietário da empresa.
Salkembak, contudo, disse que
não viu o conflito. Segundo ele, os
policiais o obrigaram a permanecer com o ônibus estacionado em
uma estrada paralela por várias
horas. (WAGNER DE OLIVEIRA
e EDUARDO SCOLESE)
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