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PRECATÓRIOS
União vai assumir as dívidas
Senadores concluem
rolagem de R$ 15 bi
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
O Senado concluiu ontem, momentos antes da sanção da Lei de
Responsabilidade Fiscal no Palácio do Planalto, a aprovação de R$
14,63 bilhões em renegociações de
dívidas e novos empréstimos para
Estados e municípios.
Essas operações não poderão
mais ser realizadas a partir de hoje
(quando a lei será publicada no
"Diário Oficial" da União) e significam um aumento no endividamento da União, que assumirá a
maioria das dívidas por meio da
emissão de títulos do Tesouro. A
aprovação teve apoio do governo.
Na última terça-feira, os senadores aprovaram a rolagem da dívida de R$ 10,505 bilhões da Prefeitura de São Paulo, a maior operação do pacote.
Na sessão de ontem, que durou
cerca de seis horas, foram roladas
dívidas no valor de R$ 1,872 bilhão e aprovados R$ 494,25 milhões em empréstimos. O R$
1,758 bilhão restante foi aprovado
na semana passada.
Do total de R$ 14,63 bilhões rolados pelo Senado, 83,7% (ou R$
12,25 bilhões) representam títulos
emitidos por Estados (Santa Catarina e Alagoas) e municípios (São
Paulo, Guarulhos, Osasco e Campinas) para o pagamento de precatórios (dívidas judiciais).
Esses títulos foram investigados
pelo Senado em 1997, por meio da
CPI dos Precatórios, que apurou
irregularidades na emissão dos
papéis e no uso dos recursos.
Apesar das investigações, toda a
dívida criada a partir da emissão
dos títulos foi renegociada. O município de São Paulo ganhou um
prazo de 30 anos. Para os Estados
e demais municípios, foi estabelecido um prazo de dez anos.
A rolagem segue um modelo
básico: a União assumirá os débitos e emitirá títulos do Tesouro.
Os credores receberão esses papéis, e os Estados e municípios
passarão a dever para a União, em
condições mais favoráveis.
A rolagem da dívida de Alagoas,
Santa Catarina, Osasco, Guarulhos e Campinas depende de uma
decisão judicial confirmando a legalidade dos títulos. Mas o Senado abriu uma exceção para os
dois Estados, que poderão fechar
um acordo com os detentores dos
seus títulos à revelia da Justiça.
Grande parte dos títulos rolados
pelo Senado foi emitida a partir de
precatórios que não existiam, e os
recursos foram utilizados para o
pagamento de outros débitos (o
que contraria a Constituição).
"É um cacho de rolagens absurdas que nunca deveriam ser renegociadas. Estamos respaldando
um comportamento escatológico
do governo federal", disse Roberto Requião (PMDB-PR), relator
da CPI dos Precatórios.
O líder do governo no Senado,
José Roberto Arruda (PSDB-DF),
reconheceu que as rolagens aprovadas pela Casa nos últimos dias
são "uma consequência da irresponsabilidade administrativa
acontecida no país".
Para ele, isso não teria acontecido caso a Lei de Responsabilidade
Fiscal já estivesse em vigor.
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