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NO AR
E foi enterrado
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
As Globos repetiram quase o
dia todo, em seus noticiários:
- E foi enterrado no Paraná
o corpo do trabalhador rural
Antônio Tavares Pereira, de 38
anos, que morreu em consequência de um tiro no tórax.
E só. Nada de sem-terra.
Nem de Polícia Civil dizendo
que foi, sim, a Polícia Militar.
As manchetes foram outras,
nos telejornais e tudo mais:
- Fernando Henrique alerta o MST: vai cumprir a lei, para manter a ordem democrática, se preciso com o Exército.
- Fernando Henrique avisa
que vai recorrer a todos os
meios constitucionais para
manter a ordem no país.
Do discurso do próprio:
- Gente que faz baderna...
Vivemos um momento de plena democracia... Não hesitarei
em usar todos os poderes constitucionais de que disponho.
As palmas, da platéia de parlamentares e governadores, foram para a palavra "baderna".
Mas já eram retórica tanto o
discurso como as manchetes.
Como disse Michel Temer, ao
sair de reunião com FHC, antes de discurso e manchetes:
- O pior já passou...
O pior havia passado porque
o MST havia recuado diante
das ameaças. O presidente encenou uma escalada delas, que
teve como palco a Internet, em
especial o site da Radiobrás:
Às 11h38, FHC se reuniu com
o general Alberto Cardoso, como disse até o telejornal Hoje.
Às 15h15, ele avisou ao Superior Tribunal de Justiça que tomaria "providências enérgicas" para desalojar o MST.
Às 16h16, reuniu-se com Cardoso, com o ministro da Defesa
e o comandante do Exército.
Às 16h32, Raul Jungmann
disse que, "se alguma coisa
ocorrer (na retirada do MST),
a responsabilidade é de quem
está buscando um cadáver".
Às 17h02, o MST cedeu, prometendo sair hoje do Incra, em
Brasília, e dos demais prédios.
Em seguida, FHC fez o discurso, depois as manchetes.
E-mail: nelsonsa@uol.com.br
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