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CONTRA-ATAQUE
Advogados do prefeito de SP envia à Câmara Municipal peça em resposta a documento da OAB
Acusações são nulas, diz defesa de Pitta
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Editor do Painel
A denúncia que
pode levar ao impeachment do prefeito Celso Pitta é
"inepta" e juridicamente "nula". Primeiro, porque as acusações que a
sustentam não foram previamente investigadas; segundo, porque
quem as fez, Nicéa Pitta e seu filho
Victor Camargo Pitta, são pessoas
sob suspeição.
Essa é a tese central da defesa de
Celso Pitta, assinada pelos advogados Antônio Cláudio Mariz de
Oliveira (área penal) e Mário Sérgio Duarte Garcia (área cível), entregue ontem à Câmara de São
Paulo. A comissão processante de
vereadores tem agora cinco dias
para acolher a defesa, o que pode
levar ao arquivamento do impeachment, ou rejeitá-la, dando
seguimento ao processo.
O texto da defesa, obtido pela
Folha, tem 66 páginas (além de
documentos anexos) e está estruturado em duas grandes partes. A
primeira dedica-se a mostrar a
suposta "nulidade da denúncia",
sem entrar no mérito das acusações que a sustentam. A segunda
vai ao mérito, procurando rebater
um a um os dez tópicos arrolados
na denúncia apresentada pelo
presidente da OAB-SP (Ordem
dos Advogados do Brasil-SP), Rubens Approbato Machado.
Segundo a Folha apurou, a acusação contra Pitta que mais preocupa sua defesa do ponto estritamente legal é aquela referente à
emissão irregular de precatórios
(títulos públicos para pagamento
de dívidas judiciais).
O alvo primeiro da defesa é a
OAB-SP, entidade que já foi presidida por Mariz de Oliveira. Os advogados de Pitta entendem que a
Ordem agiu de maneira "açodada", denunciando o prefeito antes
de investigar a pertinência das
acusações. E elogiam o procedimento do Ministério Público, que
abriu inquéritos policiais antes de
formalizar eventuais "denúncias-crime" contra Pitta.
Diz o texto da defesa: "As acusações constantes da denúncia oferecida pela Ordem dos Advogados estão desprovidas de amparo
probatório. Possuem a respaldá-las apenas as palavras de d. Nicéa,
maculadas por uma forte carga de
ressentimento, mal-disfarçados
rancores, frustrações e por um
abundante apoio publicitário, capaz de influenciar o espírito mais
sereno e equilibrado".
Faltam, segundo a defesa, fatos
capazes de comprovar as acusações. "Como oferecer contraprova a uma acusação desprovida de
prova? Como contestar, se a imputação é vaga, aleatória e imprecisa? Como, enfim, fazer prova de
fato negativo?", perguntam os advogados do prefeito.
"Quando muito", prossegue a
defesa, "as acusações poderiam
ensejar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito",
como havia sido anteriormente
proposto pela OAB.
Depois de desqualificar a denúncia da OAB, a defesa investe
contra Nicéa e seu filho Victor,
procurando também desautorizá-los como testemunhas de acusação. Sobre Nicéa o texto da defesa diz: "É inimiga capital do prefeito Celso Pitta, como é público e
notório. A malquerença, o inequívoco ódio que nutre contra seu
cônjuge, contamina o depoimento, tornando-a testemunha suspeita".
Sobre Victor o texto é ainda
mais duro: "Além do deplorável
episódio ocorrido na sala contígua ao gabinete do prefeito, no
Palácio das Indústrias, que já se
tornou público, quando quebrou
vários móveis, numa flagrante demonstração de fúria e descontrole, vale agora trazer à lume recentíssima reportagem publicada na
revista "IstoÉ", datada de 3 de
maio, onde esse infeliz jovem declara: "Fumo maconha há algum
tempo, pois, com a vida que levo,
se não fumasse ficaria muito maluco"".
A conclusão da defesa é a seguinte: "Quem, num acesso de
raiva, é capaz de destruir o importante local de trabalho de seu pai
e, além disso, quem confessa fumar maconha para não ficar "maluco" com a vida que leva, à evidência, carece in totum de boa fama". Victor, segundo os advogados, "é testemunha suspeita para
depor" e "por seus costumes, não
é digno de fé". Tal trecho do texto
da defesa foi submetido pelos advogados a Pitta, que o autorizou.
Leia a íntegra da defesa de Celso Pitta,
no site www.folha.com.br
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