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PRECATÓRIOS
Polícia acusa os dois de falsidade ideológica e de uso de documentos falsos na emissão de títulos públicos
PF indicia criminalmente Maluf e Pitta
da Reportagem Local
A Polícia Federal indiciou criminalmente ontem o prefeito de São
Paulo, Celso Pitta, o ex-prefeito
Paulo Maluf e o ex-coordenador
da Dívida Pública do Município,
Wagner Ramos, por irregularidades na emissão de títulos públicos
para o pagamento de precatórios
judiciais por parte da prefeitura.
As acusações constam do relatório final do inquérito policial comandado pelo delegado Gilberto
Américo, da Delegacia de Inquéritos Especiais da Polícia Federal. O
relatório foi enviado ontem para o
Ministério Público Federal.
O Ministério Público poderá,
agora, aceitar as conclusões do inquérito e denunciar os envolvidos
à Justiça ou solicitar novas investigações. Poderá ainda solicitar o arquivamento do processo.
No relatório, o delegado sugere
que, se a Justiça quiser interrogar
Pitta e Maluf, que determine a prisão dos dois. "Tentei por diversas
vezes convocá-los para depor e
eles se recusaram", justifica.
O inquérito policial foi instaurado a pedido do procurador-geral
da República, Geraldo Brindeiro,
a partir dos depoimentos dados à
CPI dos Precatórios.
O delegado acusou o prefeito
Pitta- que era secretário das Finanças de Maluf na época da emissão dos títulos- de uso de documentos falsos e falsidade ideológica. Ele teria apresentando ao Senado precatórios posteriores a 1988
para justificar a emissão de títulos.
Os títulos do município só poderiam ser colocados no mercado
para obter dinheiro para o pagamento dos precatórios (dívidas judiciais) anteriores à promulgação
da Constituição de 1988. Cabe ao
Senado analisar e autorizar ou não
a emissão dos títulos municipais.
Pelo mesmo motivo, o ex-prefeito Maluf foi acusado pela PF de
falsidade ideológica e uso de documento falso. Maluf ainda foi acusado de "desvio de finalidade na
aplicação de dinheiro público".
Segundo o delegado, o então
prefeito Maluf usou o dinheiro obtido com os títulos em diversos
gastos da prefeitura, quando a
Constituição determina que essa
verba só poderia ser usada para
pagar os precatórios.
A contadora da Coordenadoria
da Dívida Pública, Maria Helena
Cella, também foi acusada pela PF
de colaborar no esquema irregular
de emissão de títulos.
O advogado do prefeito Celso
Pitta e do ex-prefeito Paulo Maluf,
Jamil Mattar de Oliveira, disse ontem que as acusações do delegado
são falsas e que seus clientes
"nunca se recusaram a prestar esclarecimentos à Justiça".
O advogado Oliveira afirmou
que o inquérito foi aberto para
apurar "sonegação de tributos",
e estranhou que seus clientes tenham sofrido outras acusações.
"Sempre acontece um coisa assim
quando sai uma pesquisa eleitoral
apontando o doutor Paulo em primeiro lugar", afirmou ele.
O advogado de Wagner Ramos,
Márcio Thomaz Bastos, disse que
seu cliente não cometeu crime.
"Ele era um técnico da prefeitura
que fez contas que considerava
certas", afirmou. A contadora
Cella não foi encontrada ontem
para comentar a acusação da PF.
Frangogate
O promotor público Alexandre
de Moraes, responsável pelo inquérito civil que investiga o Frangogate, acusou ontem o ex-prefeito Paulo Maluf de estar "se escondendo" do oficial de Justiça para
evitar a tramitação do processo.
O inquérito investiga a suposta
venda superfaturada de frangos
por parte de empresas da família
de Maluf para a prefeitura. Ele está
parado porque o ex-prefeito ainda
não foi "citado", ou seja, avisado
oficialmente de que está sendo investigado para que possa se defender.
"Enquanto o ex-prefeito não for
citado, o inquérito fica parado.
Por isso ele está se ocultando",
afirmou Moraes. Segundo o promotor, o oficial de Justiça tentou
entregar a citação para Maluf por
sete vezes e não conseguiu.
Em entrevista ontem, Maluf negou que esteja se escondendo:
"Você teve dificuldade para marcar entrevista comigo?", perguntou. Ele também criticou o promotor Moraes: "Eu poderia dizer
para você que o MP é um órgão
excelente, mas certos promotores
têm partido político".
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