MANUELA MARTINEZ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Embora mais contido do que o vice-presidente José Alencar, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) disse ontem que o Nordeste é duplamente prejudicado pelos juros de 26,5% ao ano.
"Juro alto atrapalha o país. O Nordeste, como é uma região com uma competitividade sistêmica mais frágil, é duplamente atrapalhado", disse em Salvador durante audiência em que apresentou as novas bases da Sudene.
"Nós herdamos uma economia em pandarecos. Infelizmente, o que nós tivemos que fazer foi amargo, mas hoje já dá, sem maiores comemorações, para ver como foi controlada a inflação e o fluxo de investimentos para o país", disse Ciro, que não comentou as críticas do vice-presidente.
Para cerca de 200 pessoas, Ciro disse que irá na próxima semana ao Congresso para negociar com líderes das bancadas a votação do projeto de lei de criação da Sudene no regime de urgência urgentíssima. "Eu estou preocupado com que a Sudene nasça não como uma vontade pessoal do presidente Lula de resgatar o compromisso que ele tem, mas que nasça da comunhão desse resgate auxiliado pela vontade do país na volta do crescimento regional."
Sobre a reforma tributária, disse que "não se deve alimentar falsas esperanças" de redução da carga tributária: "O país pode, no futuro, se livrar dessa carga tributária. Só que, como o Brasil se arrebentou em dívidas no governo passado, se o país não tiver uma receita que sinalize a administração dessa dívida, a hiperinflação volta".
Ciro não reclamou dos cortes orçamentários. "Eu queria é ter mais tempo para fazer mais coisas. Os recursos aparecem na medida da qualidade das iniciativas."


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