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TRIBUTÁRIA
Virgílio Guimarães (PT-MG) acha viável cobrar imposto no lugar de destino das mercadorias; paulistas criticam idéia
Relator defende mudança de ICMS e CPMF
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da comissão especial
da Câmara dos Deputados que
analisa a reforma tributária, Virgílio Guimarães (PT-MG), defendeu as duas alterações no projeto
do governo mais defendidas pelos
deputados que discursaram ontem na instalação da comissão.
São elas: a cobrança do ICMS no
destino das mercadorias -o sistema atual é misto, com a maior
parte dos recursos destinada aos
locais de origem- e a divisão da
receita de contribuições federais
como a CPMF, a Cofins e a Cide
com Estados e municípios.
Segundo Guimarães, sua posição por enquanto é pessoal: não
significa necessariamente que as
mudanças estarão contempladas
no relatório a ser apresentado até
o final do mês. Tudo dependerá
das negociações com os partidos,
os governadores e o governo.
Como o próprio deputado avaliou, a nova regra para o ICMS será o ponto mais polêmico nos debates da comissão, como ficou demonstrado já na sessão inaugural.
Barbosa Neto (PMDB-GO), um
dos que se manifestaram a favor
do ICMS no destino, chegou a observar que apenas 3 dos 38 membros da comissão foram eleitos
por São Paulo, Estado que mais se
opõe à idéia. Um dos paulistas,
Walter Feldman (PSDB), foi o
único a defender o sistema atual,
queixando-se de que seu Estado
estava sendo tratado "como um
país imperialista, como os EUA".
O governo defende o ICMS no
destino, mas desistiu de propor a
alteração por temer que a controvérsia inviabilizasse a aprovação
da reforma neste ano. Guimarães,
porém, acha que é viável incluir já
a nova regra na Constituição, com
um longo prazo de transição.
O relator também não vê problema em estabelecer a divisão
das contribuições -hoje, só o
Imposto de Renda e o IPI têm receita compartilhada. "Já disse ao
governo que acho justo." A medida é reivindicada por governadores e prefeitos, para quem o governo tem elevado as contribuições e ficado com fatias cada vez
maiores do bolo tributário.
O projeto do governo passou
por uma bateria de críticas na instalação da comissão da reforma.
A julgar pelos 14 discursos, dificilmente o texto seguirá incólume
para a votação em plenário, oficialmente prevista para julho.
Enquanto os temas regionais
produziram as demandas mais
específicas, uma crítica de ordem
política foi a mais comum: oposicionistas em peso e boa parte dos
governistas consideram a proposta tímida, insuficiente e -pior-
capaz de elevar a carga tributária.
"Queremos uma reforma que
não se limite apenas a simplificar
o ICMS e perenizar uma contribuição [a CPMF] que já deveria
ter sido extinta", disse Pauderney
Avelino (PFL-AM). Wasny de
Roure (PT-DF), defendendo o
projeto, disse que a reforma é, de
fato "modesta", mas contém mudanças necessárias. A linha de argumentação dos governistas foi
apontar o aumento da carga no
governo FHC e desafiar os críticos
a apresentarem alternativas.
Os deputados do Rio, incluindo
o governista Bispo Rodrigues
(PL), apresentaram uma demanda regional: não aceitam que a reforma mantenha a regra atual para o ICMS sobre o petróleo, cobrado exclusivamente no destino.
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