NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Vaias na CUT para Lula. Lágrimas (aparentes) de Lula.
Não é difícil entender por que a popularidade de Lula está em alta, como apontou pesquisa. Não é a inflação, como arriscou uma comentarista na Globo, ontem:
- A razão é uma só: inflação em queda.
Não é. Lula é a razão.
É ele quem "chega a chorar" em público, no dizer da CBN, diante das vaias na central que criou.
Diante das vaias de cutistas "tão preciosos", como ele disse, sempre paternal, falando de gente de uma Liga Bolchevique e de uma Organização Marxista Proletária.
É ele quem, trêmulo, errando as palavras, brada contra os "preconceituosos" que antes questionaram sua capacidade para o cargo.
A catarse de Lula diante dos delegados da CUT e, sobretudo, dos microfones dos telejornais pode garantir uma sobrevida de meses à ortodoxia do Banco Central.
Em Londres, onde visita uma nova agência de banco privado brasileiro, o presidente do BC anunciava ontem um momento de mudança crucial, mas nada de juros.
Segundo ele, está perto de ser rompida a inflação inercial, o reajuste pela inflação passada. E é nessa direção que vai seguir, até conseguir.
Enquanto isso, o presidente se despedaça emocionalmente em público, no altar de sacrifício ao telespectador.
E depois ainda vai jantar com Ratinho.
 
José Alencar, o vice, não tem vez junto aos comentaristas da TV, em sua cruzada contra os juros altos.
Boris Casoy ressaltou, como disparate, que Alencar acredita representar empresários -e não pode: um presidente ou um vice representa a nação, não parte dela. E Franklin Martins engrossou:
- Vice não deve abrir a boca. Ele passa a representar um foco de tensão. Passa a idéia de que ele é que quer a derrubada dos juros. E que o presidente não quer.
Alexandre Garcia partiu para o adjetivo:
- Alencar, como presidente da República, no Palácio do Planalto, pregou a politização da política monetária, idéia que até líder oposicionista chamou de abilolada.
Assim vão conseguir calar o vice.
 
Em meio a isso tudo, a Globo registra que "a inflação cai ao nível mais baixo dos últimos 12 meses".


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