UOL

São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Número de mortes neste ano no campo já supera o total de 2002

DA AGÊNCIA FOLHA

O número de mortes resultantes de conflitos agrários neste ano, passados pouco mais de cinco meses de governo Luiz Inácio Lula da Silva, já ultrapassou o total de assassinatos registrados em todo o ano passado.
Segundo a Ouvidoria Agrária Nacional, com a morte ocorrida ontem, já foram nove assassinatos neste ano, contra oito em 2002.
"A situação continua extremamente preocupante. Temos de tomar medidas para que não ocorram novos assassinatos", afirmou o ouvidor agrário nacional, Gercino da Silva Filho -que, no último dia 23, disse à Agência Folha temer "várias mortes" no campo devido ao atual clima de tensão.
Gercino viajou ontem à noite para João Pessoa (PB). Hoje ele se reunirá com representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), do governo do Estado, do Ministério Público e de movimentos sociais ligados à luta pela terra.
Sobre o conflito de ontem em Jacaraú (PB), o ouvidor agrário nacional disse: "Houve culpa dos trabalhadores ao invadirem a fazenda, e o fazendeiro também errou porque a presença de pistoleiros em qualquer fazenda, em vez de evitar, acaba contribuindo para a ocorrência de violência e de assassinatos".
Em nota, a coordenação nacional da CPT (Comissão Pastoral da Terra) afirmou que o caso de ontem "é mais um elo da grande corrente de violência que se pratica contra os trabalhadores rurais da Paraíba e que vem mostrar a falta de empenho das autoridades em desenvolver ações eficazes para resolver o problema".
O governador Cássio Cunha Lima (PSDB), que estava ontem em Brasília para assinatura do protocolo de adesão ao Sistema Único de Segurança Pública , rebateu, dizendo tratar-se de um caso pontual. "Não há omissão do governo. Infelizmente temos um ambiente de insegurança no país como um todo e que é mais forte nos conflitos de terra."
"Vamos fazer tudo o que for preciso para prender os responsáveis pelo homicídio e pelas tentativas de homicídio. Agiremos com todo o rigor em parceria com Pastoral da Terra, MST e Incra para que os responsáveis sejam presos e punidos", disse. (EDS E EO)


Texto Anterior: Tensão no campo: Confronto com fazendeiros mata sem-terra
Próximo Texto: Contas CC-5: Governo recua e Câmara terá CPI no caso Banestado
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.