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Número de mortes neste ano no campo já supera o total de 2002
DA AGÊNCIA FOLHA
O número de mortes resultantes de conflitos agrários neste ano,
passados pouco mais de cinco
meses de governo Luiz Inácio Lula da Silva, já ultrapassou o total
de assassinatos registrados em todo o ano passado.
Segundo a Ouvidoria Agrária
Nacional, com a morte ocorrida
ontem, já foram nove assassinatos
neste ano, contra oito em 2002.
"A situação continua extremamente preocupante. Temos de tomar medidas para que não ocorram novos assassinatos", afirmou
o ouvidor agrário nacional, Gercino da Silva Filho -que, no último dia 23, disse à Agência Folha
temer "várias mortes" no campo
devido ao atual clima de tensão.
Gercino viajou ontem à noite
para João Pessoa (PB). Hoje ele se
reunirá com representantes do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), do
governo do Estado, do Ministério
Público e de movimentos sociais
ligados à luta pela terra.
Sobre o conflito de ontem em
Jacaraú (PB), o ouvidor agrário
nacional disse: "Houve culpa dos
trabalhadores ao invadirem a fazenda, e o fazendeiro também errou porque a presença de pistoleiros em qualquer fazenda, em vez
de evitar, acaba contribuindo para a ocorrência de violência e de
assassinatos".
Em nota, a coordenação nacional da CPT (Comissão Pastoral da
Terra) afirmou que o caso de ontem "é mais um elo da grande corrente de violência que se pratica
contra os trabalhadores rurais da
Paraíba e que vem mostrar a falta
de empenho das autoridades em
desenvolver ações eficazes para
resolver o problema".
O governador Cássio Cunha Lima (PSDB), que estava ontem em
Brasília para assinatura do protocolo de adesão ao Sistema Único
de Segurança Pública , rebateu,
dizendo tratar-se de um caso
pontual. "Não há omissão do governo. Infelizmente temos um
ambiente de insegurança no país
como um todo e que é mais forte
nos conflitos de terra."
"Vamos fazer tudo o que for
preciso para prender os responsáveis pelo homicídio e pelas tentativas de homicídio. Agiremos
com todo o rigor em parceria com
Pastoral da Terra, MST e Incra para que os responsáveis sejam presos e punidos", disse.
(EDS E EO)
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