São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

PT havia formalizado ordem para que aliança com PL fosse seguida; senadora se diz indignada com "intervenção"

Petistas de AL seguem Heloísa e renunciam

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

A senadora Heloísa Helena (PT) disse ontem, em Maceió, estar "indignada" com o que chamou de "intervenção" da Executiva Nacional petista em Alagoas. A senadora, que disputaria o governo, e mais dez integrantes do PT alagoano que concorreriam às eleições abriram mão oficialmente das suas candidaturas ontem.
A atitude da senadora e dos demais petistas ocorreu após a direção nacional do partido ter formalizado a ordem de incluir o PL na ata enviada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que registrava as coligações partidárias. Heloísa é contra a união com os liberais.
Um assessor da Secretaria de Organização do PT esteve ontem em Maceió para fazer a modificação no documento eleitoral.
"Eles [a Executiva Nacional" fizeram uma intervenção aqui em Alagoas e eu não sei dizer se estou mais triste ou mais indignada com essa atitude. Eu sempre quis participar dessa disputa, me preparei para ela", disse a senadora.
Bastante emocionada, chorando a todo momento, Heloísa declarou que não dará apoio nem ao ex-presidente Fernando Collor (PRTB) nem ao governador, Ronaldo Lessa (PSB). "Não tenho curral eleitoral e, por isso, não posso dizer que meus votos vão para esse ou aquele candidato. Quero que as pessoas façam o que as suas consciências mandarem."
A senadora pretende participar da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, mas afirmou que não subirá nos palanques junto com integrantes do PL.
"Não tenho mágoa da Executiva Nacional. Eu vou entender que minha candidatura é insignificante para o partido. Realmente o colégio eleitoral de Alagoas é pequeno, e a Heloísa é um problema para um grande projeto nacional. Mas à minha honra eu não vou renunciar. Eu vou fazer a campanha de Lula, mas subindo nos bancos de praça e falando de lá", afirmou.
Ontem, no Paraná, Lula afirmou que "a questão de Alagoas é um problema do PT de Alagoas".

Renúncia coletiva
Cinco entidades de classe que apóiam o PT em Alagoas pediram a renúncia coletiva dos candidatos em solidariedade a Heloísa. Quatro candidatos a deputado federal, cinco a deputado estadual e um a senador afirmaram ontem que abriam mão do pleito.
O presidente do PT em Alagoas, o deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, declarou que a saída de Heloísa abalou toda a estrutura do partido no Estado e que vai "exigir" uma presença marcante da Executiva Nacional na eleições alagoanas.
"Teremos de ter um candidato a qualquer custo. Uma parcela dos eleitores que votariam em Heloísa não pode ficar órfã. Vamos ter contato com a direção do partido e discutir a importância das eleições aqui", disse Santos. O dirigente petista declarou também que não há ainda um nome para substituir Heloísa Helena e que isso só será discutido hoje.
João Caldas, presidente do PL em Alagoas, disse que não discutiria a desistência de Heloísa Helena, mas que Lula só teria a ganhar com a decisão da senadora.

Outros Estados
A insatisfação com a imposição de se coligarem com o PL levou também a retaliações no Rio Grande do Norte. Lá, duas candidaturas foram retiradas em resposta ao acordo com os liberais.
Em Minas Gerais, os petistas aceitam a coligação do PL para Câmara, Senado e governo, mas não para a Assembléia Legislativa.


Colaboraram EDUARDO DE OLIVEIRA e PAULO PEIXOTO, da Agência Folha



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