São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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"Ela era a caçulinha, a mimadinha', lembra amiga

da Reportagem Local

Cabelos louros, olhos verdes, pouco mais de 1,60 m de altura e sempre sorridente -assim era Elizabeth Conceição Mazza Nunes, segundo irmãos e amigos.
Elizabeth nasceu a 19 de setembro de 1946 em Tanabi (a 480 km de São Paulo) numa família de classe média -seu pai tinha um escritório de contabilidade. Era a mais nova das quatro mulheres numa família de seis irmãos.
Quem a visse na adolescência em Tanabi mal poderia imaginar que um dia estaria ligada a uma organização guerrilheira.
"Ela era a caçulinha, a mimadinha, sempre teve um ar de criança", descreve a amiga Ledercy Gigante de Oliveira.
Elizabeth vivia em bailes e foi rainha do Carnaval no início dos anos 60. "Era alegre, simpática, aparecia em qualquer ambiente, era expansiva", relata a socióloga Zeila Fabri Demartini, 51, amiga de infância de Elizabeth e professora aposentada da Unicamp.
Em 66, deixou Tanabi para estudar ciências sociais em Araraquara, num instituto que hoje faz parte da Unesp.
De sua passagem por Araraquara, restou uma lembrança -o programa da peça "Toda Donzela Tem um Pai que é uma Fera", de Gláucio Gil, na qual atuava com Luís Antonio Martinez Corrêa, irmão do diretor do teatro Oficina José Celso Martinez Corrêa.
Em 67, mudou-se para São Paulo devido à sua paixão repentina por Alípio Antonio Nunes Neto, segundo Ledercy. Em janeiro de 68, os dois se casaram em Tanabi. Como Alípio era um militante profissional e não tinha emprego, foram morar na casa da mãe dele, em Moema (zona sudoeste de SP).
Pouco antes da morte de Elizabeth, o casal teve uma espécie de lua-de-mel tardia, num apartamento de Ledercy. Foi, provavelmente, em julho de 1968.
Foi a última vez que as duas se encontraram. "Ela estava felicíssima porque podia ficar com o marido sem a presença da sogra."
Quando soube que o casal teria ido a Cuba, a lorota que encobertou a morte, Ledercy lembra o que disse: "Tenho dó da Beth. Ela não tem estrutura para isso".
O irmão Antonio Mazza Junior tinha a mesma impressão. Já a irmã Mariza Darci Mazza discorda. "Ela estudava sociologia, sabia muito bem onde estava se metendo. Não era nada boba."
(MCC)



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