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TENSÃO SOCIAL
Secretaria de Segurança investiga o caso
Integrante do MST é assassinado no Paraná; CPT acusa fazendeiros
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O sem-terra ligado ao MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) Francisco Nascimento de Souza, 27, foi morto
com um tiro na cabeça na noite de
domingo em Mariluz (600 km a
noroeste de Curitiba).
De acordo com a CPT (Comissão Pastoral da Terra), Souza foi
assassinado na estrada que liga o
assentamento Nossa Senhora
Aparecida ao centro da cidade.
Segundo o advogado Darci Frigo, da CPT, Souza era uma liderança no assentamento e já havia
recebido ameaças.
O cadáver, que foi encontrado
na manhã de ontem, apresentava
sinais de tortura, segundo a CPT.
Com o assassinato de Souza, informou a comissão, sobe para 17 o
número de agricultores mortos
por causa de conflitos agrários no
Paraná nos últimos oito anos.
Em nota oficial, a CPT diz que
fazendeiros da região são os principais suspeitos do crime. Menciona integrantes do PCR (Primeiro Comando Rural), criado
por ruralistas este ano para reprimir invasões de terra no Paraná,
do Sinapro (Sindicato Nacional
dos Produtores Rurais), da UDR
(União Democrática Ruralista) e
da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).
"O clima de tensão e as ameaças
reiteradas aos trabalhadores fazem dos fazendeiros da região os
principais suspeitos do assassinato de Francisco", afirma a nota.
A Secretaria da Segurança Pública informou que as acusações
encaminhadas pela CPT já estão
sendo investigadas. E que nenhuma hipótese será descartada, inclusive a de que o assassinato tenha ligações com disputas internas do MST.
O enterro do corpo de Souza deve ser hoje em Mariluz. O sem-terra deixa mulher e quatro filhos.
Outro lado
O presidente da UDR Noroeste
do Paraná, Marcos Menezes Prochet, reagiu às acusações dizendo
que são uma "bobagem sem tamanho" e que "a CPT quer satanizar o produtor rural".
Cristiano Clazer, do PCR, também negou as acusações. "A CPT
pode receber um processo por calúnia e difamação. Não temos nada a ver com o norte do Estado.
Nosso movimento é baseado no
sul do Estado", disse.
A Agência Folha não conseguiu
falar ontem com representantes
do Sinapro e da Faep, entidades
que também foram citadas na nota da CPT.
Sergipe
Em Sergipe, cumprindo determinação judicial, cerca de 200 policiais militares expulsaram no final da manhã de ontem 680 famílias de trabalhadores rurais ligados ao MST e destruíram todos os
barracos montados às margens
da BR-235, no município de Nossa Senhora da Glória (114 km de
Aracaju).
Os policiais utilizaram tratores
do Estado para destruir o acampamento, que começou a ser
montado no dia 19 de abril.
(DIMITRI DO VALLE)
Colaborou a Agência Folha, em Salvador
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