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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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TENSÃO SOCIAL

Secretaria de Segurança investiga o caso

Integrante do MST é assassinado no Paraná; CPT acusa fazendeiros

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O sem-terra ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Francisco Nascimento de Souza, 27, foi morto com um tiro na cabeça na noite de domingo em Mariluz (600 km a noroeste de Curitiba).
De acordo com a CPT (Comissão Pastoral da Terra), Souza foi assassinado na estrada que liga o assentamento Nossa Senhora Aparecida ao centro da cidade.
Segundo o advogado Darci Frigo, da CPT, Souza era uma liderança no assentamento e já havia recebido ameaças.
O cadáver, que foi encontrado na manhã de ontem, apresentava sinais de tortura, segundo a CPT.
Com o assassinato de Souza, informou a comissão, sobe para 17 o número de agricultores mortos por causa de conflitos agrários no Paraná nos últimos oito anos.
Em nota oficial, a CPT diz que fazendeiros da região são os principais suspeitos do crime. Menciona integrantes do PCR (Primeiro Comando Rural), criado por ruralistas este ano para reprimir invasões de terra no Paraná, do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais), da UDR (União Democrática Ruralista) e da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).
"O clima de tensão e as ameaças reiteradas aos trabalhadores fazem dos fazendeiros da região os principais suspeitos do assassinato de Francisco", afirma a nota.
A Secretaria da Segurança Pública informou que as acusações encaminhadas pela CPT já estão sendo investigadas. E que nenhuma hipótese será descartada, inclusive a de que o assassinato tenha ligações com disputas internas do MST.
O enterro do corpo de Souza deve ser hoje em Mariluz. O sem-terra deixa mulher e quatro filhos.

Outro lado
O presidente da UDR Noroeste do Paraná, Marcos Menezes Prochet, reagiu às acusações dizendo que são uma "bobagem sem tamanho" e que "a CPT quer satanizar o produtor rural".
Cristiano Clazer, do PCR, também negou as acusações. "A CPT pode receber um processo por calúnia e difamação. Não temos nada a ver com o norte do Estado. Nosso movimento é baseado no sul do Estado", disse.
A Agência Folha não conseguiu falar ontem com representantes do Sinapro e da Faep, entidades que também foram citadas na nota da CPT.

Sergipe
Em Sergipe, cumprindo determinação judicial, cerca de 200 policiais militares expulsaram no final da manhã de ontem 680 famílias de trabalhadores rurais ligados ao MST e destruíram todos os barracos montados às margens da BR-235, no município de Nossa Senhora da Glória (114 km de Aracaju).
Os policiais utilizaram tratores do Estado para destruir o acampamento, que começou a ser montado no dia 19 de abril. (DIMITRI DO VALLE)


Colaborou a Agência Folha, em Salvador


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