São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Onde você estiver

- Daniela Mercury comanda um coro de 40 mil vozes no estádio Mané Garrincha!
Era Galvão Bueno, o narrador, em nova tarde de ufanismo em Brasília, com a seleção e o Hino Nacional.
Entre as 40 mil vozes não estava a do presidente da República. Segundo a Folha Online naquele instante, "Lula passa o domingo em Brasília sem compromissos oficiais na agenda".
Segundo um destaque do Globo Online:
- Lula prefere não ir ao estádio assistir ao Brasil.
Ele ficou na Granja do Torto -e o pouco de "oficial" na transmissão foram dois aviões da Esquadrilha da Fumaça, antes do jogo, para um Galvão entusiasmado.

 

Do locutor, lembrando-se dos brasileiros que não foram ao estádio e não puderam acompanhar "mais um presente para esta torcida, a interpretação de Daniela":
- E milhões de pessoas ligadas na Globo, tenho certeza, estão cantando em suas casas, onde você estiver.
Depois, a cantora concordou:
- O Brasil inteiro também cantando de casa, não é, Galvão? Hoje, todo mundo festejando. O jogo está sendo lindo para a gente entrar na Copa com o Brasil unido.
 

"O Brasil unido", mas sem o presidente da República, contou com seus filhos, por algum tempo ao menos, segundo o Globo Online:
- Filhos de Lula deixam o estádio antes do fim do jogo.
 

Desde o "Jornal Nacional" do dia anterior, passando pelas chamadas, os programas de esportes, até a transmissão do jogo, nada na Globo fazia lembrar a crise política -ou a política, simplesmente.
Já na rádio Bandeirantes, por exemplo, o narrador José Silvério não perdia chance. Um repórter avisou que falaria com o ministro do Esporte, mas caiu a transmissão.
Para o locutor, o microfone "ficou com medo".
 

Pior aconteceu com Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal, que foi ao jogo e levou, segundo o Blog do Noblat, "uma estrepitosa vaia", entre ofensas várias.

PERAMBULANDO
Começaram a chegar ontem os brasileiros que viveram a catástrofe de Nova Orleans, com cobertura nos vários programas de domingo e canais de notícias, entre lágrimas de muitos deles.
Na Globo, CBN e outras, o protagonista foi José Cândido, carioca que passou "uma semana perambulando pelas ruas de Nova Orleans", segundo Zeca Camargo. O "Fantástico" mostrou fotos da semana na cidade, entre relatos de saques, tiros e maus-tratos dos soldados americanos. Ele viajou a turismo e acabou "apanhado pelo furacão". Chorou ao dizer:
- É a melhor coisa. Estar aqui de volta. A melhor.

earth.google.com/Reprodução
DO ESPAÇO O Google Earth, um serviço de fotos por satélite da Terra que virou febre nos últimos meses, fez de novo, para o entusiasmo dos blogs de mídia, como o de Tiago Dória. Com apoio da Nasa, pôs no ar imagens de Nova Orlenas pós-furacão

O grito
Na manchete do site Adital, ligado à Igreja Católica:
- Grito por mudanças na política e economia.
Na manchete do jornal "Brasil de Fato", próximo do movimento dos sem-terra:
- No dia 7, um Grito pelas ruas do país.
E no título da reportagem:
- Grito dos Excluídos mobiliza por mudanças.
Na quarta-feira, pelo jeito, os movimentos sociais tentam sair da defesa de Lula para o ataque à política econômica.
O site da Agência Estado já falava, ontem, em um "setembro vermelho".

O foco
No sábado, na escalada dos telejornais, "o PSDB e o PFL acreditam já ter elementos para pedir o afastamento de Severino". Ontem, até o "Pânico na TV" tratou do Mensalinho, um novo personagem, criado à imagem de Severino.
Mas o Blog do Cesar Maia anda preocupado:
- O noticiário deslocou o foco para o Congresso. É um risco e um erro. Praticamente a única exceção no fim de semana foi o caso Daniel Dantas, que ampliou a ansiedade por seu depoimento.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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