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PROPAGANDA
86,3% de todo o investimento publicitário estatal federal está com apenas 6 anunciantes; com FHC, eram 19 anunciantes
Governo Lula concentra gasto publicitário
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A chegada do PT ao Palácio do
Planalto representou uma nova
tendência para a distribuição de
verbas publicitárias estatais entre
os diversos órgãos da administração federal. Sob Luiz Inácio Lula
da Silva, 86,3% de tudo o que o
governo gasta com propaganda
ficou concentrado em apenas seis
anunciantes estatais, segundo revelam dados inéditos dos últimos
quatro anos obtidos pela Folha.
Nos últimos dois anos de Fernando Henrique Cardoso, em
2001 e 2002, eram necessários de
19 a 20 órgãos federais para consumir mais de 86% das verbas publicitárias estatais.
Trata-se de uma mudança relevante. Demonstra a maneira concentrada de governar do PT. Com
Lula no Planalto e seu amigo Luiz
Gushiken comandando a propaganda federal, poucos dirigentes
estatais passaram a ter um imenso
poder no mercado publicitário.
Algumas agências de publicidade e marqueteiros são protagonistas da atual crise política. As empresas SMPB e DNA (que detinham as contas dos Correios e do
Banco do Brasil) são acusadas de
participação em caixa dois eleitoral. O publicitário Duda Mendonça revelou ao Congresso ter recebido cerca de R$ 10 milhões no exterior por serviços prestados ao
PT -ele detinha até há poucas semanas a conta de publicidade institucional da Presidência.
Os números da publicidade estatal federal nos últimos quatro
anos mostram que disparou, no
governo Lula, o valor investido
pelas duas principais empresas
públicas do país, o Banco do Brasil e a Petrobras. Em 2002, último
ano de FHC, o BB e a Petrobras
gastaram R$ 246,3 milhões em
propaganda. Em 2004, o valor saltou para R$ 401,7 milhões -um
aumento de 63,1%.
Todos os dados são oficiais, embora a sua divulgação não tenha
sido autorizada pelo governo (leia
texto nesta página). Até hoje, só se
conhecia o valor do gasto total do
governo com propaganda.
Quando se observa a tabela com
os maiores anunciantes estatais
federais, nota-se que o Banco do
Brasil respondeu, sozinho, por
25,6% de tudo o que o governo federal gastou com publicidade em
2004. É seguido pela Petrobras,
com 20,5%.
No último ano do governo FHC,
o BB representava 21,9% de tudo
o que era consumido em propaganda. A Petrobras, 13,1%.
A concentração no governo Lula também se deu em razão da
criação da conta publicitária da
Subscretaria de Comunicação
Institucional, ainda hoje conhecida como Secom, sigla de sua antiga designação (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica da Presidência da República, que Gushiken deixou devido ao desgaste decorrente da
crise, em julho passado).
Quebra-galho
Nos governos FHC (1995-2002),
quando a Presidência desejava fazer alguma comunicação institucional, tinha de recorrer a um
quebra-galho. Campanhas sobre
o Plano Real, por exemplo, eram
pagas por empresas estatais.
Ainda em 2002, na transição para o governo Lula, os tucanos recomendaram aos petistas que
mantivessem a idéia de criar uma
rubrica no Orçamento especificamente para cuidar da imagem
institucional da Presidência. Assim foi feito, ao custo estimado de
R$ 150 milhões por ano.
Em 2003, primeiro ano da gestão Lula, o valor gasto pela Secom
com veiculação de publicidade foi
de R$ 32,1 milhões. A licitação só
terminou e efetivou-se no segundo semestre daquele ano. Em
2004, a cifra pulou para expressivos R$ 97,7 milhões. Registre-se
que aí não estão incluídos custos
com a produção dos comerciais.
Esse dinheiro usado pela Secom
serve para campanhas como a
"Muda Mais Brasil", de abril passado, cujo objetivo é "informar a
sociedade brasileira sobre importantes resultados econômicos e
sensibilizá-la sobre o crescimento
da economia do Brasil".
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