São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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Ex-governador confirma pedido a juiz


RICARDO GALHARDO
da Reportagem Local

O ex-governador do Espírito Santo Albuino Azeredo (PDT) confirmou ontem ter intercedido junto ao desembargador Geraldo Correia Lima para que ele concedesse o habeas corpus que tirou o prefeito de Cariacica (ES), Dejair Cabo Camata (PFL), da cadeia, em 1997.
Azeredo, porém, não soube explicar o motivo que o levou a bater na porta da casa de veraneio do desembargador, em Guarapari (ES), na madrugada de uma Sexta-feira Santa, mesmo sabendo da prisão de Camata desde as 14h da véspera, quando outro desembargador estava de plantão no TJ (Tribunal de Justiça), em Vitória.
O ex-governador disse que era assessor de Planejamento em Cariacica quando o prefeito foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, em 97. Azeredo afirmou que, por volta das 14h de quinta-feira, recebeu a notícia da prisão e foi para o TJ com o procurador da prefeitura Fernando Silva.
"Acho que faltou um documento e, quando o Fernando voltou, o juiz de plantão já tinha ido embora. Como fui governador (de 91 a 94) e conheço os desembargadores, me pediram para ajudar."
Segundo Azeredo, Correia Lima foi escolhido pela ordem de hierarquia. "O presidente, o vice e o corregedor não foram encontrados. Então, levamos (Azeredo e o presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz, do PFL) o pedido ao decano (Correia Lima)", explicou o ex-governador.
Correia Lima concedeu o habeas corpus na mesma hora. Os nomes do desembargador, do ex-governador, de Gratz e de Camata aparecem com destaque em um documento que, segundo o delegado Francisco Vicente Badenes Junior, revela as relações entre pessoas ligadas ao crime organizado capixaba.
Azeredo e Correia Lima negam ter qualquer relação com os criminosos. "Sou muito católico. Vou à missa e comungo todo dia", disse o ex-governador.
Gratz não foi encontrado ontem pela Folha. Correia Lima informou, por meio de sua assessoria, que está processando Badenes por calúnia. Ele trabalhou no escritório do ministro Elcio Alvares (Defesa), que também aparece na lista do delegado, na década de 70.


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