da enviada especial a Vitória

O prefeito de Cariacica, Dejair Cabo Camata (PFL), que aparece no relatório de Francisco Badenes Jr. como um dos envolvidos no crime organizado no Espírito Santo, fez ontem várias acusações ao delegado, inclusive de cunho pessoal. Até o fechamento desta edição, a Folha não havia localizado Badenes Jr.

Folha - O senhor aparece, junto com o ministro Elcio Alvares (Defesa), em organograma elaborado pelo delegado Francisco Badenes Jr. no relatório dele sobre crime organizado. O senhor tem ligações com grupos de extermínio? E o ministro?
Cabo Camata - Não tenho nenhuma vinculação com o crime organizado. Podem investigar tudo que não vão achar nada contra mim. Já vasculharam toda a minha vida e não encontraram nada.

Folha - O sr. é acusado de ser o mandante de diversos assassinatos, entre eles o do deputado Antário Filho em 97.
Camata - Ele era meu amigo. Se tivesse que matá-lo, teria feito durante as eleições municipais de 96, quando ele estava na minha frente na disputa. Não fiz isso.

Folha - O sr. foi preso acusado de porte ilegal de armas. O ministro Elcio Alvares pediu que a polícia o liberasse da prisão?
Camata - De jeito nenhum. Não tenho relações políticas com o ministro, apesar de ser também do PFL e o admirar. A minha prisão foi um ato político, foi ilegal. Eu não estava armado, eram os meus seguranças que portavam armas, compradas por mim em Vitória.

Folha - Mas o próprio ministro confirmou que chegou a ligar para o secretário da Segurança.
Camata - Se ele ligou, fico agradecido. Passei mesmo por momentos horríveis. Aliás, todo mundo que aparece naquele organograma do Badenes foi me visitar na prisão. Não é estranho? Olha, o Badenes não é santo não. Nenhuma investigação que ele conduziu, chegou ao final. Na semana que vem, vou processar o delegado Badenes por abuso de autoridade e assédio sexual. Você sabia que o Badenes usa o cargo de delegado para obrigar os presos a fazerem sexo com ele? Vou provar isso, tenho uma testemunha que vai contar tudo.


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