São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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MÍDIA

Nova empresa terá sede em São Paulo, investimento de US$ 50 milhões e equipe de 150 jornalistas

Folha e Globo lançam jornal econômico

da Sucursal do Rio

A Empresa Folha da Manhã, que edita a Folha, e a Infoglobo Comunicações, que publica "O Globo", se associaram para lançar um novo jornal especializado em economia.
Uma empresa está sendo criada, com participação de 50% de cada sócio, para editar a nova publicação, que terá âmbito nacional e começará a circular no segundo trimestre de 2000. A sede será em São Paulo.
A associação com o propósito específico de atuar nesse segmento foi anunciada ontem, no Rio, pelo presidente do Grupo Folha, Luís Frias, e pelo vice-presidente da Infoglobo e das Organizações Globo, João Roberto Marinho.
O investimento conjunto será de US$ 50 milhões e financiado pelas próprias empresas.
A futura publicação será diária, com fotos e gráficos em cores, e seu objetivo é atingir a liderança do mercado. "Qualquer coisa que não seja o número 1 não nos contentará", afirmou Frias.
Marinho disse que as duas empresas viram nessa associação uma ""união forte e imbatível para produzir um jornal de qualidade". Para Frias, ela segue uma tendência mundial, em que empresas concorrentes em alguns setores podem se unir quando há convergência de interesses e potencial de mercado.

Motivação
O que motivou a parceria das empresas foi o fato de possuírem os dois melhores parques gráficos da América Latina e os dois melhores sistemas de distribuição de jornais diários do país.
O novo jornal será impresso simultaneamente na gráfica da Folha, em Barueri (Grande São Paulo), e na gráfica de "O Globo", em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A empresa terá diretoria autônoma, e sua redação, assim como o departamento comercial, será independente.
O nome do novo jornal ainda não foi escolhido, mas será o mesmo da empresa. Não foram também convidados ainda os executivos que vão dirigir a nova publicação. Em princípio, a redação vai empregar 150 jornalistas.
A filosofia do jornal, segundo Marinho e Frias, será de rigorosa independência em relação a governos e grupos econômicos.

Mercado por explorar
Os grupos Folha e "O Globo" avaliam que o Brasil tem um grande mercado de jornalismo econômico por explorar.
Segundo Luís Frias, o maior jornal de negócios dos Estados Unidos é também o de maior venda (dentre os de circulação paga) daquele país. Já no Brasil, o principal jornal de informação financeira é o décimo no ranking de jornais.
Um outro indicador do potencial do mercado, segundo ele, é a constatação de que nos Estados Unidos o principal jornal econômico vende mais do que as revistas especializadas na área, o que não ocorre no Brasil.
João Roberto Marinho comparou o peso relativo de jornais de economia na Europa e nos Estados Unidos, onde correspondem a 10% da circulação dos jornais de interesse geral, com a situação brasileira, onde esse percentual não passa de 3%.
O presidente do Grupo Folha disse que a parceria dos dois grupos não representa uma concentração de mercado, mas o contrário, uma vez que há, praticamente, só um título de circulação nacional nesse segmento, a "Gazeta Mercantil".
O vice-presidente das Organizações Globo disse que a "Gazeta Mercantil" é um jornal de qualidade, mas que o mercado brasileiro tem potencial para ser muito maior do que é.
Os dois empresários disseram que a associação não foi motivada pela possibilidade de o Congresso Nacional vir a aprovar a entrada de capital estrangeiro em empresas de comunicação.

Oportunidades
No entanto, segundo Frias, se o projeto for aprovado, a nova empresa "obviamente estará aberta a analisar a conveniência das oportunidades que aparecerem".
A negociação entre as duas empresas teve início há alguns meses. Segundo Marinho, a relação entre os grupos é "fraterna, embora concorrencial".
Luís Frias disse que, em princípio, a impressão do novo jornal ocorrerá apenas no Rio e em São Paulo, embora, a longo prazo, os sócios admitam a possibilidade de examinar a impressão também em outras praças.
Frias afirmou que uma das preocupações dos sócios é a de usar uma linguagem de fácil compreensão sem perder a profundidade na abordagem dos assuntos. Para ele, a conjugação desses dois fatores é um dos maiores desafios do jornalismo.

Iniciativa privada
Os profissionais da futura empresa serão escolhidos de forma "solidária e consensual" pelos sócios, afirmou Marinho.
Segundo ele, o novo jornal vai discutir, em profundidade, temas como a conciliação da estabilidade da moeda com o crescimento econômico. "O mundo da iniciativa privada terá muita força", declarou Marinho.
Na avaliação de Luís Frias, o objetivo da nova publicação é oferecer um produto de alta qualidade. "O jornalismo econômico encontra-se ainda em fase de subdesenvolvimento no Brasil, e pode haver um crescimento acelerado do mercado", acrescentou. Os dois não divulgaram previsões de tiragem do novo jornal.


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