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MÍDIA
Nova empresa terá sede em São Paulo, investimento de US$ 50 milhões e equipe de 150 jornalistas
Folha e Globo lançam jornal econômico
da Sucursal do Rio
A Empresa Folha da Manhã,
que edita a Folha, e a Infoglobo
Comunicações, que publica "O
Globo", se associaram para lançar
um novo jornal especializado em
economia.
Uma empresa está sendo criada, com participação de 50% de
cada sócio, para editar a nova publicação, que terá âmbito nacional e começará a circular no segundo trimestre de 2000. A sede
será em São Paulo.
A associação com o propósito
específico de atuar nesse segmento foi anunciada ontem, no Rio,
pelo presidente do Grupo Folha,
Luís Frias, e pelo vice-presidente
da Infoglobo e das Organizações
Globo, João Roberto Marinho.
O investimento conjunto será
de US$ 50 milhões e financiado
pelas próprias empresas.
A futura publicação será diária,
com fotos e gráficos em cores, e
seu objetivo é atingir a liderança
do mercado. "Qualquer coisa que
não seja o número 1 não nos contentará", afirmou Frias.
Marinho disse que as duas empresas viram nessa associação
uma ""união forte e imbatível para
produzir um jornal de qualidade". Para Frias, ela segue uma tendência mundial, em que empresas concorrentes em alguns setores podem se unir quando há convergência de interesses e potencial de mercado.
Motivação
O que motivou a parceria das
empresas foi o fato de possuírem
os dois melhores parques gráficos
da América Latina e os dois melhores sistemas de distribuição de
jornais diários do país.
O novo jornal será impresso simultaneamente na gráfica da Folha, em Barueri (Grande São Paulo), e na gráfica de "O Globo", em
Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A empresa terá diretoria autônoma, e sua redação, assim como
o departamento comercial, será
independente.
O nome do novo jornal ainda
não foi escolhido, mas será o mesmo da empresa. Não foram também convidados ainda os executivos que vão dirigir a nova publicação. Em princípio, a redação vai
empregar 150 jornalistas.
A filosofia do jornal, segundo
Marinho e Frias, será de rigorosa
independência em relação a governos e grupos econômicos.
Mercado por explorar
Os grupos Folha e "O Globo"
avaliam que o Brasil tem um
grande mercado de jornalismo
econômico por explorar.
Segundo Luís Frias, o maior jornal de negócios dos Estados Unidos é também o de maior venda
(dentre os de circulação paga) daquele país. Já no Brasil, o principal
jornal de informação financeira é
o décimo no ranking de jornais.
Um outro indicador do potencial do mercado, segundo ele, é a
constatação de que nos Estados
Unidos o principal jornal econômico vende mais do que as revistas especializadas na área, o que
não ocorre no Brasil.
João Roberto Marinho comparou o peso relativo de jornais de
economia na Europa e nos Estados Unidos, onde correspondem
a 10% da circulação dos jornais de
interesse geral, com a situação
brasileira, onde esse percentual
não passa de 3%.
O presidente do Grupo Folha
disse que a parceria dos dois grupos não representa uma concentração de mercado, mas o contrário, uma vez que há, praticamente, só um título de circulação nacional nesse segmento, a "Gazeta
Mercantil".
O vice-presidente das Organizações Globo disse que a "Gazeta
Mercantil" é um jornal de qualidade, mas que o mercado brasileiro tem potencial para ser muito
maior do que é.
Os dois empresários disseram
que a associação não foi motivada
pela possibilidade de o Congresso
Nacional vir a aprovar a entrada
de capital estrangeiro em empresas de comunicação.
Oportunidades
No entanto, segundo Frias, se o
projeto for aprovado, a nova empresa "obviamente estará aberta a
analisar a conveniência das oportunidades que aparecerem".
A negociação entre as duas empresas teve início há alguns meses. Segundo Marinho, a relação
entre os grupos é "fraterna, embora concorrencial".
Luís Frias disse que, em princípio, a impressão do novo jornal
ocorrerá apenas no Rio e em São
Paulo, embora, a longo prazo, os
sócios admitam a possibilidade
de examinar a impressão também
em outras praças.
Frias afirmou que uma das
preocupações dos sócios é a de
usar uma linguagem de fácil compreensão sem perder a profundidade na abordagem dos assuntos.
Para ele, a conjugação desses dois
fatores é um dos maiores desafios
do jornalismo.
Iniciativa privada
Os profissionais da futura empresa serão escolhidos de forma
"solidária e consensual" pelos sócios, afirmou Marinho.
Segundo ele, o novo jornal vai
discutir, em profundidade, temas
como a conciliação da estabilidade da moeda com o crescimento
econômico. "O mundo da iniciativa privada terá muita força", declarou Marinho.
Na avaliação de Luís Frias, o objetivo da nova publicação é oferecer um produto de alta qualidade.
"O jornalismo econômico encontra-se ainda em fase de subdesenvolvimento no Brasil, e pode haver um crescimento acelerado do
mercado", acrescentou. Os dois
não divulgaram previsões de tiragem do novo jornal.
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