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em Belo Horizonte

As declarações do presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga -desaconselhando investidores minoritários estrangeiros a investir em Minas Gerais-, podem "melar" o entendimento entre Minas e a União para encerrar a moratória decretada pelo governador Itamar Franco (PMDB), em janeiro deste ano.
Para os políticos envolvidos na negociação ouvidos pela Agência Folha nos últimos dias, a expectativa era que os dois lados selassem um acordo hoje, quando haverá uma reunião entre o secretário do Tesouro Nacional, Fábio Barbosa, e o secretário de Estado da Fazenda de Minas, José Augusto Trópia Reis.
As declarações de Fraga foram feitas na sexta-feira, em Nova York, em resposta a investidores que queriam saber sobre a liminar, conseguida por Itamar, que rompeu o acordo de acionistas da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).
As palavras do presidente do BC repercutiram muito mal no Estado e receberam repúdio inclusive de opositores a Itamar.
O governador mineiro já dava sinais de irritação com o fato de o governo federal não ter ainda enviado carta aos organismos internacionais informando que Minas havia anunciado a retomada do pagamento com os órgãos de fomento estrangeiros.
Depois das declarações do presidente do BC, Itamar divulgou nota dizendo que iria tomar medidas jurídicas contra Fraga exigindo ressarcimento ao Estado por danos morais. No início da noite de ontem, Itamar estava reunido com auxiliares estudando quais medidas seriam essas.
O presidente do PFL mineiro, Clésio Andrade (que integra a oposição em Minas), classificou a atitude de Fraga como intempestiva e feita na ""pior hora possível". Ele disse que havia conversado com o presidente Fernando Henrique havia alguns dias e que ele estava muito "confiante" em um acordo com Minas.
Andrade disse que havia, inclusive, a possibilidade de o presidente ir a Minas, no final do mês, participar de inauguração na Usiminas (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais). Itamar também recebeu o convite.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Stefan Bogdan Salej, disse que enviou ofício a Fraga para que ele explique suas declarações. "O Fraga conseguiu (com suas declarações) uma coisa que nem o Itamar conseguiu, unir todos os mineiros", disse.
Para Salej, as declarações do presidente do Banco Central "estão afetando os mineiros e não o governo do Estado". "Ele (Fraga) diz que mineiro não é honesto? Que mineiro não é correto? O que é isso?", pergunta.
Os advogados dos sócios minoritários da Cemig entraram no final da tarde de ontem no TJ (Tribunal de Justiça) de Minas Gerais com recurso contra a liminar que anula o acordo de acionistas da empresa, firmado em 1997.
(RANIER BRAGON)


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