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ADMINISTRAÇÃO
Esquema envolveria 78 cidades do PI e 2 do CE
PF acusa prefeituras de desvio de verba com notas falsificadas
da Sucursal de Brasília
Prefeituras do Piauí e do Ceará
são acusadas em relatório da Polícia Federal de participar de um
esquema de emissão de notas fiscais frias para encobrir desvios de
verbas federais nas áreas de saúde
e educação.
O relatório, baseado em oito
meses de escuta telefônica autorizada pela Justiça, aponta o envolvimento de 78 prefeitos do Piauí e
2 do Ceará no esquema. O documento será entregue hoje ao ministro José Carlos Dias (Justiça).
O coronel reformado da Polícia
Militar José Viriato Correia Lima
é acusado de comandar o esquema. O delegado da Polícia Civil
José Wilson Torres de Sousa é
acusado de manter "estreito relacionamento com o coronel Correia Lima" e de "participar das atividades de vendas de notas frias".
O esquema, que envolveria policiais civis e militares, teria adquirido contornos de crime organizado, já que os acusados estariam
praticando lavagem de dinheiro
público, enriquecendo ilicitamente, cometendo assassinatos,
sonegando impostos e traficando
armas de uso proibido.
Segundo o relatório, a emissão
de notas frias para encobrir desvio de verbas públicas é a causa do
assassinato de oito prefeitos nos
últimos anos. O prefeito que ficasse devendo a Correia Lima era
morto.
As viúvas desses prefeitos chegaram a pedir ajuda à CPI do Judiciário, pois afirmam que a Justiça estadual é omissa. Segundo
elas, os responsáveis são conhecidos e não são punidos pelo Judiciário local. Na época, não revelaram nomes.
O relatório acusa o governador
do Estado, Francisco de Assis de
Moraes Souza, o Mão Santa, de
omissão em relação ao crime organizado por não ter afastado do
cargo o comandante da Polícia
Militar, Valdílio de Souza Falcão.
O relatório da PF diz que Falcão
"é conhecedor das irregularidades praticadas pelo coronel Correia Lima e seu bando. Não toma
providências porque é agraciado
com favores do coronel".
Segundo a PF, as notas frias,
emitidas por empresas fantasmas
criadas por Correia Lima, eram
preenchidas por policiais, com o
conhecimento de Falcão.
Outro lado
A Folha procurou o coronel reformado Correia Lima em Teresina. Um homem que se identificou
como "Lopes" disse ter comprado a linha de Correia Lima e não
saber como encontrá-lo.
A reportagem também procurou, por telefone, o delegado José
Wilson Torres de Sousa. Ele não
estava em casa e o número do celular fornecido estava fora da
área.
No comando da PM, a Folha foi
informada de que o comandante
estava viajando.
O secretário de Comunicação
do Piauí, João Madison Nogueira,
disse à Folha que o governador
está tomando providências para
combater o crime no Estado, tanto que reformou (aposentou) o
coronel Correia Lima e abriu concurso para policiais.
(FLÁVIA DE LEON)
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