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Ex-governador é acusado por CPI
ABNOR GONDIM
enviado especial a Rio Branco
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Rio Branco
O ex-governador Orleir Cameli
corre o risco de ter sua prisão pedida hoje se não comparecer para
depor na CPI da Assembléia Legislativa do Acre que apura as
operações que resultaram na liquidação do Banacre (Banco do
Estado do Acre).
Documentos do Banco Central
apontam que o Banacre promoveu operações irregulares e fez renegociações de empréstimos milionários com empresas da família do ex-governador durante a
administração dele (95-98).
Cameli é acusado de ser o principal responsável pelo rombo de
R$ 144 milhões apurado na liquidação do banco em março passado. Esse é mais um escândalo na
história do Acre, abalada pela prisão do deputado cassado Hildebrando Pascoal e de outras 27
pessoas acusadas de narcotráfico
e de integrar grupo de extermínio.
Orleir Cameli é uma das pessoas
citadas pela CPI do Narcotráfico
como merecedoras de investigação pela Receita para definir a origem do patrimônio da família.
Em vez de privatizar o Banacre
ou de recorrer ao Proes (programa de socorro aos bancos oficiais), o próprio ex-governador
preferiu liquidá-lo "para não deixar rastros sobre operações escandalosas", afirma o presidente
da CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) do Banacre, deputado
Evaldo Magalhães (PC do B).
Na sua avaliação, o ex-governador não deverá escapar de sofrer
uma denúncia por prática de crime financeiro porque não poderia ser sócio de grupo beneficiado
por empréstimos do banco oficial
do Estado.
Com o apoio do governador
Jorge Viana (PT), a CPI levantou
documentos do BC que apontam
irregularidades desde o segundo
ano do governo Cameli.
Relatório do supervisor de fiscalização do BC Wagner Omanes
e dos inspetores Miguel Ernesto
Soares e Orlando Neotti advertiu
os administradores do Banacre
sobre a "tolerância" e "dispensa
de encargos financeiros" em torno de operações de crédito do
grupo Cameli.
Segundo o relatório, o grupo do
qual "faz parte o sr. Orleir Messias
Cameli" negociou duplicatas de
supostos negócios feitos entre as
empresas da família. "Fato que dá
margem a dúvidas quanto à autenticidade das operações comerciais geradoras dos títulos descontados junto ao Banacre", diz o
relatório.
O presidente da CPI afirma que,
em 1997, uma das empresas do
grupo Cameli foi beneficiada por
um empréstimo do banco no valor de R$ 1,1 milhão. Na época, essa soma representava cerca de
60% do patrimônio líquido do
banco.
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