São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GRAMPO NO BNDES

Advogado diz que perdeu o contato com Célio Arêas Rocha

Principal testemunha do caso está desaparecida

RONALDO SOARES
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

O advogado Nélio Andrade pediu ajuda ao Ministério Público Federal para localizar o ex-policial federal Célio Arêas Rocha, seu cliente e principal testemunha do inquérito que apura a autoria dos grampos telefônicos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Rocha está desaparecido desde que prestou depoimento à juíza Cláudia Valéria Fernandes, da 2ª Vara Federal Criminal, no dia 16 de setembro. Depois dessa data, ele foi levado para fora do Estado do Rio, escoltado por policiais federais.
Andrade disse ontem à Folha que há dez dias Rocha não faz contato. Eles tinham combinado se falar por telefone a cada dois dias.
"Desde que se apresentou, o Célio acha que está correndo risco de vida. Telefonar para mim seria a forma de ele se manter informado sobre o caso, além de mostrar que está bem de saúde", afirmou o advogado.
Por determinação da juíza, Rocha deveria ter sido incluído, até 21 de setembro, no programa de proteção de testemunhas, criado este ano pelo governo federal.
Como a Folha revelou no dia 30, a ordem da juíza não foi obedecida pelo Ministério da Justiça.
O advogado disse estar preocupado com o que pode ter acontecido ao cliente, que apontou o analista de informações da Subsecretaria de Inteligência da Presidência da República Temílson Resende, o Telmo, como responsável pela escuta no BNDES.
"Estou achando muito estranho ele não ter ligado. Tenho telefonado para o Célio, mas os dois celulares permanecem desligados", afirmou.
De acordo com o advogado, o último telefonema de Rocha foi no dia 24. "Ele ligou de um orelhão. Falou rapidamente porque acha que o telefone do meu escritório está grampeado. Ele acredita que está sendo rastreado", disse.
Com a libertação de Telmo pela Justiça, na semana passada, a situação de Rocha se torna ainda mais preocupante, avalia o advogado."Ele sempre defendeu a prisão do Telmo. Com Telmo solto, o risco de vida se acentua", afirmou Andrade.
No início da noite de ontem, Andrade foi à Procuradoria da República conversar com os procuradores sobre o paradeiro da principal testemunha do caso.



Texto Anterior: Celso Pinto: A heterodoxia brasileira
Próximo Texto: Investigação deixa mandantes em segundo plano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.