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SÃO PAULO
Empresário quer votar em branco, mas apoiará Marta se houver risco de ela perder a eleição
Mario Amato hoje gostaria que PT vencesse eleição
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Se as pesquisas indicarem que
Marta Suplicy ganhará com grande vantagem, eu votarei em branco. Mas se houver o risco de ela
perder a eleição, votarei nela."
Essa intenção de voto útil na
candidata do Partido dos Trabalhadores é manifestada por ninguém menos que o empresário
Mario Amato, 81, ex-presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Amato ficou estigmatizado
quando previu, em outubro de
1989, com boa dose de exagero,
que 800 mil empresários deixariam o país caso Lula ganhasse as
eleições presidenciais, vencendo
o então candidato Fernando Collor de Mello (PRN).
"Hoje, o PT não me amedronta.
Felizmente, a maturidade obtida
com a idade me faz reconhecer
que onde o PT atua os escândalos
de corrupção são menores ou não
existem", diz Amato.
Ele não faz críticas diretas ao
candidato Paulo Maluf (PPB), de
quem diz que é amigo particular e
de quem pessoalmente gosta.
Amato é um empresário que circula com dirigentes empresariais
de peso. É amigo muito próximo,
por exemplo, de José Ermírio de
Moraes, do grupo Votorantim.
Sua avaliação sobre o segundo
turno das eleições em São Paulo,
tendo ouvido outras lideranças da
indústria, refletiria um certo sentimento de cansaço do empresariado diante dos sucessivos escândalos nas administrações de Paulo Maluf e Celso Pitta.
"No Rio Grande do Sul, o PT está fazendo uma grande administração. O mesmo devo dizer sobre
Zeca do PT (governador do Mato
Grosso do Sul)", diz o empresário.
"O Lula já não é mais aquele líder tacanho e o deputado José Genoino é um político equilibrado",
diz o empresário.
Entre as lideranças petistas,
Amato faz restrições apenas ao
deputado federal Aloizio Mercadante, por seu estilo contundente.
"Eu voto pelo Brasil. Mas hoje,
não votaria em Marta nem no
Maluf", diz Amato.
Segundo ele, a pergunta que
muitos empresários fazem, hoje,
quando se encontram em reuniões sociais, é a seguinte: "Vamos ter que votar na Marta?"
Presidente emérito da Fiesp,
Amato é uma liderança carismática, autor de várias frases infelizes.
"Somos todos corruptos", disse
em 1997. A frase comparava a
ação de Paulo César Farias, tesoureiro de campanha de Collor em
1989, à sonegação e sugeria que no
Brasil se tolerava todo tipo de irregularidades. Eram os tempos da
CPI que levou ao impeachment
do presidente Collor.
Amato foi também muito criticado ao afirmar, também em
1989, que a então ministra Dorothea Werneck era "inteligente,
apesar de ser mulher".
Cinco anos depois da sentença
que abalou a candidatura de Lula,
Amato carimbava outra definição
infeliz, ao dizer que "o empresariado está vendo o Lula caminhar
para a direita até com uma velocidade grande".
Mas, na mesma ocasião, chegou
a manifestar publicamente seu arrependimento pela sugestão de
fuga de empresários, caso o PT
chegasse ao Planalto: "Fui maldoso e não fui leal com o Lula", disse.
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