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TRANSIÇÃO
Presidente do PT admite pela 1ª vez a possibilidade se o partido precisar, mas não descarta ocupar um ministério
Seria uma honra presidir Câmara, diz Dirceu
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PT,
José Dirceu, admitiu ontem pela
primeira vez a possibilidade de vir
a presidir a Câmara dos Deputados, dizendo que a tarefa seria
uma "honra". Dirceu não descartou, no entanto, a possibilidade de
ocupar um cargo no ministério de
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se o partido precisar do meu
nome e a Câmara entender que eu
possa ser o seu presidente, evidentemente é uma honra para
qualquer brasileiro presidir a Câmara dos Deputados. É algo em
que eu nunca pensei na minha vida", declarou Dirceu, pela manhã,
pouco antes do início da reunião
da Executiva Nacional petista.
Homem-forte na campanha,
Dirceu sempre esteve cotado para
assumir uma função importante
no gabinete de Lula. Seu nome é
citado para Fazenda, Justiça ou
Casa Civil.
Após a inesperada performance
na eleição legislativa, em que fez
91 deputados federais e se transformou na maior força da Câmara, o PT passou a reivindicar o estratégico posto de presidente da
Casa. O partido poderá avaliar
que será melhor ter Dirceu nesta
função, já que Lula dependerá de
colaboração do Legislativo para
aprovar medidas nas áreas tributária, previdenciária e trabalhista.
Ontem, Dirceu afirmou que fará
o que o presidente eleito achar
melhor. "Quem resolve o que eu
vou fazer é o Lula. Eu posso ser
também um dos membros do governo. Vamos aguardar. Sou um
soldado, cumpro tarefas", disse.
Senado
O presidente do PT também defendeu que a presidência do Senado fique com o maior partido
-no caso, o PMDB.
"É tradição longa que o maior
partido indique o presidente da
Câmara e também no Senado. Pelo menos é o que tem democraticamente regido as relações no
Congresso Nacional", disse.
Por trás da retórica "tradicionalista", a cúpula petista está mesmo
interessada em colaborar com o
PMDB para que mantenha a presidência da Casa em troca do
apoio ao futuro governo Lula.
Os petistas têm uma preferência
por José Sarney (AP), aliado de
Lula, para o cargo, cobiçado também por Renan Calheiros (AL).
Mas o presidente petista disse que
o partido não vai se "imiscuir" em
assuntos de outra legenda.
Sobre a hipótese de o partido,
no Senado, formar um bloco com
legendas de esquerda para ter direito à presidência da Casa, Dirceu foi taxativo.
"É preciso ter cuidado com essas propostas, ainda que possam
ser analisadas. Nosso objetivo é
formar maioria. Porque, se formos formar bloco, o PMDB, PFL e
o PSDB também podem formar."
A hipótese é aventada por alguns senadores petistas, que chegam a sugerir o nome de Eduardo
Suplicy (PT) para ocupar a presidência do Senado.
Suplicy, ao tratar ontem do tema, deixou em aberto a possibilidade de constituição no Senado
de um bloco de centro-esquerda,
junto com PSB, PDT, PPS e PL.
"O Senado e a Câmara têm autonomia. Vou conversar com o
presidente Lula e José Dirceu para
ver o que é de maior interesse para o partido", afirmou.
Hoje, em Brasília, o presidente
do partido participa de uma reunião com bancada de 14 senadores que o PT terá a partir do ano
que vem, para discutir a questão.
(FÁBIO ZANINI E PLÍNIO FRAGA)
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