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MAIS UMA CHANCE
Programa na TV exibe fala de Abílio Diniz e projeções do banco Merrill Lynch para renovar a esperança
Empresários animam o "feliz 2004" do PT
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
Impossibilitado de mostrar o
"espetáculo do crescimento"
-inexistente-, anunciado em
maio pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, as previsões para a
economia foram o principal assunto do programa de ontem do
PT em cadeia nacional de TV.
O partido teve de usar expressões menos fortes para confrontar
o índice de desemprego medido
em outubro, 12,9% da população
das seis maiores regiões metropolitanas. "Os empregos vão começar a aparecer", disse, comedido,
o presidente da sigla, José Genoino, na espécie de balanço do primeiro ano exibido pelo partido.
Minutos antes, a peça mostrara
um homem pendurando placa
que anunciava vagas de emprego
-exercício de Duda Mendonça,
diretor do programa, publicitário
de Lula desde a campanha.
O programa petista teve pouco
"povo fala". No seu lugar, depoimentos colhidos pela produção,
principalmente de empresários,
corroborando a expectativa de
crescimento econômico.
A participação mais ilustre foi a
de Abílio Diniz, dono do Grupo
Pão de Açúcar. Índice dos novos
tempos do Brasil e da esquerda, o
empresário que sofreu sequestro
às vésperas das eleições de 1989
foi escalado para apontar sinais
de mudança. Em 89, o crime foi
apontado como um dos fatores
que levaram à eleição de Collor.
Ao se declarar não eleitor histórico do PT, Diniz elogiou o trabalho "árduo", "duro" do governo.
"Foi um ano difícil para empresários e trabalhadores", afirmou para arrematar com otimismo.
Se os analistas erraram ao decretar o desastre econômico de
2003 com a eleição de Lula -como lembrou o programa-, o PT
confia neles para prever 2004: o
país deve crescer no ano que vem
4,4% segundo o banco Merrill
Lynch, citou uma "repórter" de
um take na Bolsa de São Paulo.
Após a Bolsa, surgiu o primeiro
petista na tela: o ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho, ao
mesmo tempo responsável pelo
"remédio amargo" que fez a variação do PIB fechar o ano próximo de zero e arauto dos novos
tempos de controle da inflação e
de crescimento econômico.
A área social -prioridade retórica do governo- ficou espremida. Demonstrando a fragilidade
dos que comandam o setor na
gestão federal, coube à ministra
das Minas e Energia, Dilma Rousseff, mostrar avanços para a população de baixa renda.
Em vez de famílias atendidas
pelo novo Bolsa-Família, ou imagens da cidade-piloto do Fome
Zero, Guaribas, o programa exibiu outra cidade do Piauí, Nazaré,
a primeira a receber o Luz para
Todos, programa de universalização de acesso à energia elétrica do
ministério de Rousseff.
Afago na oposição
Apesar do tom de comemoração pela aprovação das reformas
tributária e previdenciária -falaram o presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), e o líder do
governo o governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP)-, o
partido não esqueceu de que ainda precisa aprová-las no Senado.
Em sua fala, o ministro da Casa
Civil, José Dirceu, ressaltou o papel dos partidos da base aliada no
governo e elogiou a oposição, segundo ele, "à altura do país".
Outro assunto não esquecido
foram as eleições de 2004. A prefeita candidata à reeleição, Marta
Suplicy (PT-SP), surgiu para defender sua gestão.
O programa terminou fiando-se
no carisma de Lula: olho no olho
do espectador, disse que "ninguém duvida de suas intenções" à
frente do governo.
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