|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO SANTO ANDRÉ
Ministério Público acusou 25 funcionários de prefeitura petista de usar seus cargos para lesar o erário
Promotoria pede devolução de R$ 54 milhões
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo pediu na Justiça a devolução de pelo menos R$ 54,89 milhões aos cofres públicos de Santo
André e acusou 25 funcionários
municipais de usar seus cargos
para lesar o erário com contratos
de prestação de serviço considerados ilegais.
Os contratos foram firmados
durante a gestão do prefeito assassinado do PT Celso Daniel
(1997 a 2001 e 2002) -ele foi morto em janeiro do ano passado.
O valor total de restituição está
distribuído em oito ações cíveis
apresentadas pelo Ministério Público entre junho e novembro do
ano passado. A acusação é de improbidade administrativa (má
gestão do dinheiro público).
Em dois processos, os promotores pedem que o espólio deixado
por Celso Daniel seja usado para
ajudar a pagar o dano financeiro
apurado.
Porém, qualquer pagamento ou
restituição apenas ocorre após todas as etapas judiciais terem sido
cumpridas. As oito ações ainda
estão em trâmite na Justiça de primeira instância.
Limpeza
A Rotedali, empresa de limpeza
pública que pertence a Ronan
Maria Pinto, é apontada nas ações
oferecidas pelo Ministério Público como a mais beneficiada na
gestão petista.
O empresário, tido como o
"principal favorecido" nos contratos, é citado em cinco processos que somam R$ 42 milhões de
danos ao erário, segundo os promotores.
As principais acusações são:
dispensa ilegal de licitação (procedimento obrigatório em órgãos
públicos), aditamentos do valor
contratual sem justificativa considerada plausível e restrição à
competitividade.
Em um dos casos houve licitação, porém o vereador Klinger
Luiz de Oliveira Souza, na época
secretário de Serviços Municipais,
teria alterado as condições do edital para supostamente favorecer o
"amigo Ronan" -segundo informaram os promotores na ação.
Longo período
Em agosto de 1998, a prefeitura
abriu edital para contratar empresa de coleta de lixo no valor de R$
40 milhões para um prazo de 90
meses. Uma das condições impostas aos participantes era a
comprovação de que tinham capacidade de assumir o serviço de
alto valor e por um longo período.
"Das 30 empresas que retiraram
o edital, somente seis apresentaram proposta, sendo quatro inabilitadas -duas justamente pelo
não cumprimento desta cláusula
do edital", disse a Promotoria.
Quando a Rotedali ganhou, pediu a alteração dos termos contratuais, o que foi aceito pela Prefeitura de Santo André. O contrato
de limpeza urbana foi assinado
por R$ 6,3 milhões para 12 meses
de serviço.
Para os promotores, "isso demonstra claramente que o edital
restringiu a concorrência e favoreceu (...) Ronan Maria Pinto,
amigo pessoal de Klinger Luiz de
Oliveira Souza".
Criminal
De forma paralela aos processos
cíveis, outras três ações tramitam
na esfera criminal do Fórum de
Santo André. Todas estão relacionadas à prefeitura petista de Santo André.
Uma das ações criminais é sobre a suposta cobrança de propina de empresários do setor de
transporte da cidade. Seis pessoas
foram denunciadas pelo Ministério Público. A denúncia (que marca o início do processo na Justiça)
ainda não foi aceita.
Texto Anterior: Imperial: Com novo visual, Itamar critica Lula Próximo Texto: Outro lado: Para prefeitura, contratos eram "emergenciais" Índice
|