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Racha no PMDB dificulta apoio total
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A entrega de dois ou três ministérios ao PMDB não assegura a totalidade de votos do partido ao
Planalto. A exemplo do que ocorria no governo de Fernando Henrique Cardoso, uma parcela deve
se posicionar sistematicamente
contra, e a maioria deve negociar
caso a caso cada votação.
"Todo dia é um dia novo, de
conquista nova, de adesão dos
mesmos", diz o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), que, na
condição de assessor especial de
FHC, acompanhou as barganhas
diárias de seu partido a um posto
privilegiado no Planalto.
Ontem mesmo já surgiram reações, algumas de setores inesperados. O senador Amir Lando
(PMDB-RO), que é líder do governo no Congresso, protestou
contra a condução da reforma:
"Trata-se de uma negociação isolada do Planalto com alguns setores do PMDB, que não está sendo
ouvido institucionalmente".
A queixa de Lando se deve ao fato de o Planalto conversar com o
presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e os líderes no
Senado, Renan Calheiros (AL), e
na Câmara, Eunício Oliveira (CE),
deixando de lado até o presidente
da sigla, Michel Temer (SP), que
deve ser chamado quando tudo
estiver resolvido.
Setores do PMDB atribuem a
insatisfação de Lando ao fato de
ele provavelmente ser preterido
nas escolhas do presidente. São
dez os candidatos declarados a
um lugar na Esplanada.
Mesmo dividido, o apoio do
PMDB ao governo é um bom negócio para o partido: pelo menos
70% de seus 77 deputados devem
acompanhar o Planalto nas votações. No Senado, onde o partido
tem 22 senadores, esse índice será
maior, pelo menos no início.
O "núcleo duro" da oposição está situado na Câmara dos Deputados e tem como líderes Geddel
Vieira Lima (BA) e Eliseu Padilha
(RS), além do próprio Moreira.
"Setores do PMDB estão deixando-se levar pelo cheiro dos
cargos, e não pelas bandeiras tradicionais do partido", diz Geddel.
A entrada do PMDB no governo, no entanto, não significa o fim
de um processo de criação de
maiorias, mas o começo. Apesar
de alguns cargos do segundo e do
terceiro escalão, as bancadas não
se sentem representadas no governo do PT. Caberá aos ministros tentar a acomodação de interesses de deputados e senadores.
Por isso, além dos ministérios, o
PMDB reivindica cargos em estatais e nas diretorias do Banco do
Brasil e da Caixa Econômica Federal. Quer também "verticalizar"
seus ministérios, ou seja, ocupar
todos os postos importantes das
pastas, inclusive nos Estados.
No caso do Ministério das Cidades, por exemplo, isso significaria
desalojar os "companheiros" já
acomodados por Olívio Dutra.
Há expectativa também sobre o
espaço que o governo deixará para Michel Temer e Orestes Quércia. Temer tanto pode engrossar
como ajudar a esvaziar a oposição. Quércia anda desconfiado
desde que seu afilhado político
Marcelo Barbieri foi levado a pedir demissão de uma assessoria
de José Dirceu (Casa Civil).
Colaboraram FERNANDA KRAKOVICS,
da Sucursal de Brasília, e RICARDO
WESTIN, da Redação
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