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Fórum em Mato Grosso expõe placa com agradecimento a "Comendador" Arcanjo
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Na entrada do anexo 2 do Fórum de Rondonópolis (220 km
de Cuiabá), uma placa brilhante de metal registra a gratidão
do Poder Judiciário de Mato
Grosso às empresas e personalidades que contribuíram, em
espécie ou com doação de materiais, para a construção do
prédio. Um dos 90 homenageados é o João Arcanjo Ribeiro,
conhecido como Comendador
Arcanjo, que hoje cumpre pena
no presídio federal de Campo
Grande por crimes de lavagem
de dinheiro, ocultação de bens,
formação de quadrilha, além de
responder a processo por envolvimento em pelo menos sete
homicídios.
A placa foi inaugurada junto
com o prédio, em 20 de fevereiro de 2001, e continua até hoje a
recepcionar os visitantes. "O
que se faz em um dia é semente
de felicidade para o dia seguinte", diz uma das inscrições.
Arcanjo já naquele momento
era investigado pelo Ministério
Público como o chefe do crime
em Mato Grosso. As bancas de
jogo do bicho de sua empresa,
Colibri, estavam presente em
Cuiabá e Rondonópolis.
Em dezembro de 2002, seu
patrimônio, estimado em
R$ 1,2 bilhão, foi desmantelado
pela Polícia Federal na Operação Arca de Noé. O Comendador -título decorrente de uma
comenda a ele outorgada pela
Câmara Municipal de Cuiabá-
fugiu para o Uruguai, onde acabou preso e depois extraditado.
Procurado pela Folha, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso respondeu, por meio de assessoria, que a placa do Fórum
de Rondonópolis não representa constrangimento algum
aos magistrados e que, por isso,
nunca se cogitou retirá-la. Segundo a assessoria, à época não
pesava contra Arcanjo nenhuma acusação concreta e ele foi
de fato um dos colaboradores
para a construção.
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