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NO AR
Os irrelevantes
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- Mudou alguma cabeça?
Era a pergunta da Fox News,
estampada na tela algumas horas após o pronunciamento do
secretário de Estado americano,
Colin Powell, no Conselho de Segurança da ONU.
A própria emissora tratou de
responder, afirmando que "as
reações foram as esperadas".
França, Rússia, China e Alemanha querem mais inspeção.
Também os democratas, oposição a George W. Bush nos
EUA, querem mais inspeção,
não guerra.
Sem falar do papa João Paulo
2º, opositor da guerra por temer
a escalada do sentimento anticristão entre os muçulmanos.
Ele anunciou ontem que vai se
reunir com o vice-primeiro-ministro do Iraque.
Sem falar de Nelson Mandela,
que voltou a chamar Bush de
arrogante e disse que só vai dar
ouvidos aos inspetores da ONU,
não ao secretário de Estado, que
não diz "como eles conseguiram
essas informações".
Da Casa Branca, segundo a
Fox News, veio o comentário:
- Só os "inconvencíveis" continuarão sem se convencer.
Os "inconvencíveis", que Powell ameaçou transformar em
"irrelevantes", parecem estar
crescendo em número e coragem, nos últimos dias.
Foi uma "apresentação audiovisual", no registro da Fox
News, e um "drama na ONU",
segundo a CNN.
O espetáculo de Colin Powell
incluiu gestos vigorosos, ameaças imperiais e muitos grampos
e imagens de satélite.
Apresentou gravações de supostos funcionários iraquianos
combinando como enganar os
inspetores. Disse que uma fonte
citou supostos testes de armas
químicas em condenados à
morte. Falou de "terroristas com
ligações com a Al Qaeda" vivendo no Iraque.
Disse, num escorregão, que os
colegas de Conselho de Segurança deveriam acreditar nele, porque suas afirmações estavam
sustentadas em fontes "sólidas".
Mais não disse, deixando no
ar, ao fim da apresentação, o
questionamento de Mandela
quanto à fonte, afinal, do grandioso espetáculo audiovisual.
Alexandre Garcia, o porta-voz
sem preconceito, disse:
- Os radicais podem ser 30%
do PT, mas não são 30% da
bancada de 92 deputados e 14
senadores. Desses, os rebeldes
não são 5%: uma senadora e
três ou quatro deputados, é o
que calcula a cúpula do partido.
E são rebeldias previsíveis, que
sabem que ser rebelde dá notoriedade.
Em suma, eles são poucos e só
querem aparecer na Globo.
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