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AMBIENTE
Acesso à cidade de Novo Progresso foi derrubado por madeireiros
Motoristas bloqueados reconstroem ponte no Pará
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA
Caminhoneiros que enfrentaram bloqueio de dez dias na rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá)
passaram a madrugada de ontem
ao lado de funcionários contratados pela Prefeitura de Novo Progresso (PA) trabalhando na reconstrução de uma ponte de madeira para conseguir seguir viagem em direção a Mato Grosso.
Segundo a Polícia Rodoviária
Federal no Pará, a ponte tem extensão de 15 metros e teve as pilastras que a sustentam parcialmente destruídas durante os protestos. A intenção dos manifestantes
era barrar a passagem de caminhões com carga, que abasteceriam os municípios da região.
A Polícia Rodoviária não soube
precisar o número de caminhões
que ainda estariam barrados no
local porque o posto policial mais
próximo fica a 500 km da ponte.
Disse, entretanto, estimar que o
número chegue a cem caminhões.
Após o desbloqueio das pistas,
por volta das 18h de sexta-feira, o
prefeito de Novo Progresso (1.194
km de Belém), Tony Gonçalves
(PPS), disse que formaria um grupo para reparar a ponte e permitir
a passagem dos caminhoneiros
antes do feriado de Carnaval.
De acordo com o comando da
Polícia Militar do município, a
principal preocupação é a passagem de caminhões que transportam óleo diesel para abastecer a
termelétrica da cidade. Isolada
com o bloqueio, a cidade só teria
estoque de energia até hoje.
A expectativa da associação comercial da cidade é que pelo menos metade dos 11 caminhões de
combustível que permaneceram
parados na estrada chegasse entre
ontem e hoje. O comércio fechou
as portas há três dias por recomendação da prefeitura e pretende reverter as perdas no Carnaval.
Há dez dias, trabalhadores de
madeireiras e pecuaristas reivindicavam a revogação da portaria
conjunta nš 10, do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e do Ministério do
Desenvolvimento Agrário e a liberação de planos de manejo florestal, suspensos pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) desde dezembro.
A liberação das pistas foi negociada em Brasília pelo governador
Simão Jatene (PSDB) e pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA),
após reunião com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Jatene também pediu ao Incra que
enviasse um ofício a Novo Progresso, no qual se comprometesse
a mandar técnicos para auxiliar
no recadastramento das áreas
com mais de cem hectares.
Em documento remetido ao
município, o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva, disse
que acompanhará a coleta da documentação fundiária, em visita
marcada para o dia 15. O acordo
para o fim dos protestos passou
por negociação do Ibama com
madeireiros para a reavaliação
dos planos de manejo suspensos.
Crítica
O coordenador da Campanha
Amazônia do Greenpeace, Paulo
Adário, criticou o acordo feito entre o Ibama e as indústrias madeireiras. "Mais uma vez o governo
cedeu ao setor, a exemplo do
ocorrido em 2003, quando os madeireiros bloquearam a BR-230,
obstruindo a fiscalização do Ibama. Isso demonstra que quem fala grosso consegue o que quer."
O gerente-executivo do Ibama
em Belém, Marcílio Monteiro,
disse que o Greenpeace "queria a
a imposição de uma moratória ao
setor madeireiro, uma medida
ambientalmente interessante,
mas socialmente insustentável".
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