São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2005

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AMBIENTE

Acesso à cidade de Novo Progresso foi derrubado por madeireiros

Motoristas bloqueados reconstroem ponte no Pará

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA

Caminhoneiros que enfrentaram bloqueio de dez dias na rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá) passaram a madrugada de ontem ao lado de funcionários contratados pela Prefeitura de Novo Progresso (PA) trabalhando na reconstrução de uma ponte de madeira para conseguir seguir viagem em direção a Mato Grosso.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal no Pará, a ponte tem extensão de 15 metros e teve as pilastras que a sustentam parcialmente destruídas durante os protestos. A intenção dos manifestantes era barrar a passagem de caminhões com carga, que abasteceriam os municípios da região.
A Polícia Rodoviária não soube precisar o número de caminhões que ainda estariam barrados no local porque o posto policial mais próximo fica a 500 km da ponte. Disse, entretanto, estimar que o número chegue a cem caminhões.
Após o desbloqueio das pistas, por volta das 18h de sexta-feira, o prefeito de Novo Progresso (1.194 km de Belém), Tony Gonçalves (PPS), disse que formaria um grupo para reparar a ponte e permitir a passagem dos caminhoneiros antes do feriado de Carnaval.
De acordo com o comando da Polícia Militar do município, a principal preocupação é a passagem de caminhões que transportam óleo diesel para abastecer a termelétrica da cidade. Isolada com o bloqueio, a cidade só teria estoque de energia até hoje.
A expectativa da associação comercial da cidade é que pelo menos metade dos 11 caminhões de combustível que permaneceram parados na estrada chegasse entre ontem e hoje. O comércio fechou as portas há três dias por recomendação da prefeitura e pretende reverter as perdas no Carnaval.
Há dez dias, trabalhadores de madeireiras e pecuaristas reivindicavam a revogação da portaria conjunta nš 10, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a liberação de planos de manejo florestal, suspensos pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) desde dezembro.
A liberação das pistas foi negociada em Brasília pelo governador Simão Jatene (PSDB) e pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), após reunião com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Jatene também pediu ao Incra que enviasse um ofício a Novo Progresso, no qual se comprometesse a mandar técnicos para auxiliar no recadastramento das áreas com mais de cem hectares.
Em documento remetido ao município, o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva, disse que acompanhará a coleta da documentação fundiária, em visita marcada para o dia 15. O acordo para o fim dos protestos passou por negociação do Ibama com madeireiros para a reavaliação dos planos de manejo suspensos.

Crítica
O coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, criticou o acordo feito entre o Ibama e as indústrias madeireiras. "Mais uma vez o governo cedeu ao setor, a exemplo do ocorrido em 2003, quando os madeireiros bloquearam a BR-230, obstruindo a fiscalização do Ibama. Isso demonstra que quem fala grosso consegue o que quer."
O gerente-executivo do Ibama em Belém, Marcílio Monteiro, disse que o Greenpeace "queria a a imposição de uma moratória ao setor madeireiro, uma medida ambientalmente interessante, mas socialmente insustentável".


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